Os focos de queimadas registrados em junho deste ano já ultrapassaram a soma dos registros dos cinco primeiros meses de 2021. Somente neste mês, 417 focos foram registrados no Piauí, sendo considerado o maior registro para o mês de junho desde 2013, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). De janeiro a maio deste ano, ocorreram 382 focos.
Em entrevista ao Meionorte.com, o climatologista Werton Costa afirmou que as chuvas foram bastante irregulares este ano, e encerraram antes do esperado.
"A estação chuvosa este ano foi irregular, então, muitos dos 224 municípios do estado do Piauí não receberam um quantitativo ótimo de chuva, que se distribuiu de forma desigual. Também tivemos uma finalização antecipada do período chuvoso, o que fez com que boa parte do solo perdesse a umidade", explicou ao acrescentar que essa condição favorece as queimadas.
"Quanto mais rápido o solo perde a umidade, mais maltrata a vegetação, que fica seca, tornando-se uma biomassa seca potencialmente inflamável, ou seja, o potencial de queima desse material se torna muito grande e é aí que mora o perigo. Baganas de cigarro à beira da estrada, embalagens plásticas e de vidro têm potencial para causar combustão e queimada acidental que podem gerar grandes prejuízos", alertou.
Estiagem em boa parte do Piauí
Segundo o sistema Agritempo, mais da metade dos municípios do Piauí estão entre 30 e 40 dias sem chuvas, o que deve intensificar nos próximos meses a situação de estiagem.
"Os próximos meses são de intensificação dessa condição hidrométrica adversa, de baixa umidade. Apesar da atuação das frentes frias no Sul do Brasil, que podem provocar quedas de temperatura nas madrugadas e começo da manhã em algumas cidades da faixa sertaneja, a condição de ar seco que se impõe, principalmente, no momento mais quente, é potencialmente perigosa para a chamada inflamabilidade, para aumentar o poder de queima dessa vegetação. A gente percebe que a partir da transição de julho para agosto, esse ar se torna mais seco e apresenta aquele processo de três meses representativos dos picos de calor e de queimada (agosto/setembro/outubro)", informou Werton Costa.