O mês de agosto tem sido marcado por grandes apreensões de drogas no Piauí, sobretudo na região Sul do Estado. Só em Floriano, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu 230 kg de maconha e 11 kg de cocaína, avaliados em R$ 2 milhões, durante uma fiscalização de rotina na madrugada de terça-feira (20). Já no último dia 12, policiais rodoviários federais apreenderam cerca de meia tonelada de maconha escondida no fundo falso de um caminhão na BR-316, em Picos.
De acordo com o porta-voz da PRF no Piauí, inspetor Alexsandro Lima, o Piauí não é destino, mas ponto de passagem para o tráfico de drogas. Os traficantes estão criando rotas alternativas para transportar os entorpecentes e o Piauí tem sido um dos principais destinos para fazer com que as cargas cheguem nas principais capitais do Nordeste brasileiro.
“O Piauí é rota do tráfico nacional e do tráfico internacional de drogas. Devido a isso, a Polícia Rodoviária Federal está intensificando a fiscalização, justamente no combate ao narcotráfico, em todas as rodovias federais do Estado do Piauí. O escoamento dessa droga passa pelo Piauí e vai abastecer os grandes centros do Norte e Nordeste do país”, ressaltou.
O inspetor Alexsandro Lima esclarece que a origem inicial da droga é a Bolívia e o Paraguai, onde é comercializada pelas fronteiras com destino aos maiores centros de distribuição, que são os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e em seguida, de forma fracionada, é distribuída para todo o país. Os traficantes utilizam as rodovias que vêm do Sul e Sudeste para chegar até o Piauí.
“O Piauí possui uma localização estratégica, fazendo fronteira com quase todos os Estados nordestinos, por isso que para a droga chegar nos grandes centros do Nordeste, como as cidades de Fortaleza, Recife, Salvador, Natal, João Pessoa, ela tem que passar pelo Piauí, por isso o Estado ser considerado um dos pontos principais de passagem dos traficantes. A rota mais provável é a BR-135, que é por onde chega a maioria das drogas, por isso aquela região é um dos focos principais da PRF”, acrescentou.
De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, Fábio Abreu, na prática, existe a constatação que o Piauí não é o destino final dessas drogas que cortam as fronteiras e que a questão geográfica do Estado acaba sendo um atrativo para esses criminosos, que tem como rota principal o Estado do Ceará, por isso está sendo elaborado um plano de combate ao tráfico de drogas em parceria com os demais Estados da federação.
“Nós estaremos, inclusive, propondo durante o encontro dos governadores do Nordeste um trabalho de progressão das divisas, que consiste no reforço da segurança nas divisas dos Estados nordestinos no sentido de fazer operações no combate ao tráfico de drogas e assalto a bancos. A proposta é ter um grupo de operações integrado do Nordeste para executar essas ações pontuais, com operações constantes nos nove Estados da região”, adiantou Fábio Abreu.
Apreensões e fiscalizações
O levantamento da PRF aponta que, somente em 2019, já foram apreendidos 759 kg de maconha, 211,5 kg de cocaína, 770 unidades de anfetaminas, 10 unidades de ecstasy, 4 kg de skank (droga produzida em laboratório feita através de vários cruzamentos de tipos de maconha) e 8 pontos de LSD. As drogas apreendidas são encaminhadas para a Polícia Judiciária e o destino final é a incineração.
As ações da PRF consistem, desde a fiscalizações de rotina até abordagem em pontos críticos onde existam informações de deslocamento de traficantes. “A PRF também trabalha com denúncias através do telefone 191, que tem nos ajudado muito, e também com os cães farejadores nas fiscalizações de rotina”, acrescentou o inspetor Alexsandro Lima.
Ainda segundo o inspetor, os agentes da PRF têm se reinventado na questão da capacitação dos agentes e utilização de outras formas tecnológicas para conseguir a apreensão de drogas nas rodovias. “O grande diferencial do trabalho da Polícia Rodoviária Federal e o objetivo maior da apreensão de drogas tem sido a capacitação dos agentes. Os nossos agentes têm sido constantemente capacitados através de cursos de formação, cursos de alto índice de aprendizagem e também de parte prática de operações que são desencadeadas com agentes de outras regionais, justamente para dar um suporte para todos os agentes em lograr êxito nessas operações”, finaliza. (W.B.)