PF faz buscas em São Paulo no apartamento de Gilberto Kassab

Kassab disse que não há nada que macule sua imagem.

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Atualizado às 10:47

Polícia Federal apreende R$ 300 mil em dinheiro no apartamento de Kassab

 Polícia Federal apreendeu R$ 300 mil em dinheiro no apartamento do ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD) na manhã desta quarta-feira (19). Imóveis do político e do irmão dele, Renato Kassab, são alvos de mandados de busca expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As ações decorrem do inquérito que Kassab responde no STF por suspeita de pagamentos irregulares de R$ 58 milhões a ele e ao PSD, partido que ele fundou.

Desse total, segundo a Procuradoria-Geral da República, R$ 30 milhões foram repassados por meio de uma mesada de R$ 350 mil paga entre 2010 e 2016, em troca de uma "eventual influência política futura em demandas de interesse da JBS". Os outros R$ 28 milhões foram repassados ao PSD, para que o partido apoiasse o PT nas eleições presidenciais de 2014.

PF faz buscas em São Paulo no apartamento de Gilberto Kassab

A Polícia Federal (PF) faz buscas no apartamento do ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD), em São Paulo, nesta quarta-feira (19). A ação decorre da delação da J&F – um delator da empresa afirma que o político recebeu mesada de R$ 350 mil por mês em 2009, quando era prefeito de São Paulo, em troca de defesa dos interesses do grupo.

Os policiais também fazem buscas na residência de Renato Kassab, irmão do ministro. Os agentes da PF cumprem, ao todo, oito mandados, sendo seis em São Paulo (capital, São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e São José do Rio Preto, no interior), e dois em Natal, no Rio Grande do Norte.

A ação da PF ocorre após petição da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Nela, Dodge afirma que os colaboradores Wesley Batista e Ricardo Saud informaram ter repassado R$ 58 milhões ao ministro em duas situações distintas, entre elas a mesada de R$ 350 mil. os pagamentos teriam ocorrido entre 2010 e 2016, alcançando, ao todo, R$ 30 milhões.

"O objetivo dos pagamentos era contar com poder de influência do ministro em 'eventual demanda futura de interesse do referido grupo'. Para viabilizar os repasses, os envolvidos celebraram contrato fictício de prestação de serviços com uma empresa do ramo de transportes que possuía relação comercial com a J&F", diz nota da Procuradoria Geral da República (PGR).

Os demais R$ 28 milhões teriam sido pagos ao diretório Nacional do PSD, na época presidido por Kassab. Como contrapartida, a legenda teria apoiado o PT na disputa nacional de 2014.

"Segundo um dos colaboradores, todos os valores repassados eram provenientes de uma espécie de conta-corrente de vantagem indevida vinculada ao PT, que teria autorizado os pagamentos. Neste caso, o repasse foi operacionalizado por meio de doações oficiais de campanha e outros artifícios como a quitação de notas fiscais falsas. Também há registro da entrega de dinheiro em espécie", diz nota da PGR.

Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moares, do Supremo Tribunal Federal (STF), e têm como base o inquérito que investiga se Kassab cometeu corrupção passiva e caixa-dois. Moraes determinou ainda as quebras dos sigilos bancários de Kassab e das empresas da família, além do sigilo telefônico do ministro.

O advogado de Kassab chegou à residência, no Itaim Bibi, Zona Sul, pouco antes das 7h e entrou sem falar com a imprensa. Ele acompanhou o cumprimento do mandado de busca. Os agentes saíram do prédio às 8h35.

Por telefone, o ministro disse que está em Brasília e, por isso, não acompanhou a ação dos agentes em sua casa. "Ao longo de todos esses anos de vida pública não há nada que me comprometa no campo da imoralidade. Estou tranquilo porque sempre respeitei os princípios da ética. Estou à disposição do Ministério Público e do Poder Judiciário. Não há nada que macule minha imagem", disse.

Kassab foi nomeado secretário da Casa Civil do governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB). Considerado um homem forte do governo devido às suas habilidades de negociação, ele será o articulador político do Palácio dos Bandeirantes com os deputados na Assembleia Legislativa.

O caso

O inquérito apura o suposto pagamento do grupo J&F ao ministro por meio de contratos com as empresas Yape Transportes e Yape Consultoria, ligadas ao político. A investigação mira ainda repasses feitos pelo mesmo grupo a Kassab referentes à uma suposta compra do apoio político do PSD pelo PT.

As investigações foram abertas com base na delação de premiada de Wesley Batista e Ricardo Saud, executivos do Grupo.

Na colaboração, Wesley contou que quando era prefeito de São Paulo, em 2009, Kassab recebia R$ 350 mil de propina por mês num aluguel de caminhões. Segundo o delator, durante seis anos foram pagos cerca de R$ 20 milhões.

Saud, por sua vez, disse que Kassab teria vendido apoio político do PSD à campanha da ex-presidente Dilma Rousseff à reeleição em 2014.

Os pagamentos teriam sido efetuados pelo grupo J&F, por meio de doações oficiais.

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