PF diz que empresário comprou fubá para esconder 760 kg de cocaína

Antes de apagar os perfis um dia depois de ser preso, ele aparecia em fotos e vídeos com artistas, atletas e políticos

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A investigação da Polícia Federal que resultou na prisão do empresário Bruno Lamego Alves, de 32 anos, por envolvimento com o tráfico internacional de drogas, identificou que ele utilizou nomes e contas fictícias para tentar despistar eventual responsabilização pelo envio de 760 kg de cocaína à Europa pelo Porto de Santos (SP). A defesa diz que o cliente é inocente.

Bruno foi preso na quinta-feira (28) por ordem da Justiça Federal, que também determinou o cumprimento de mandado de busca no apartamento de luxo dele, no bairro Aparecida. Foram apreendidos documentos, computadores e celulares do empresário, além de 11 chips telefônicos e lacres utilizados em contêineres de exportação.

Os investigadores identificaram que Bruno utilizou nomes fictícios para simular as negociações da compra de sacas de fubá de milho que seriam despachadas ao porto de Antuérpia, na Bélgica. A aquisição da mercadoria, na verdade, tinha por objetivo ocultar o carregamento de cocaína e, assim, despistar a fiscalização no cais santista.

O rastreamento de e-mails e telefones falsos do investigado fez com que o empresário fosse apontado como um dos responsáveis por organizar o esquema. A inserção da droga nos contêineres ocorreu em um terreno em Guarujá (SP), onde também foram encontradas sacas de fubá de milho retiradas das caixas metálicas para darem lugar à cocaína.

Antes de se tornar empresário, Bruno também já foi funcionário em outras três firmas em Santos (SP), todas do setor logístico-portuário. A suspeita é que o conhecimento adquirido na atuação no comércio exterior tenha sido utilizado para a atividade ilícita, desmantelada depois que a Receita Federal achou a droga nos contêineres.

"Compreendo bem patenteada a existência de elementos hábeis a amparar a conclusão da existência de, no mínimo, fortes indícios da efetiva participação de Bruno Lamego Alves, em organização criminosa voltada à prática de tráfico internacional de entorpecentes", escreveu o juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5ª Vara Federal de Santos, ao autorizar a prisão.

A polícia também constatou que Bruno tem ligação com investigados no âmbito da Operação Brabo, deflagrada em setembro de 2017, e que levou à apreensão de nove toneladas de cocaína que seriam enviadas a portos da Europa. Em 10 de maio, 26 integrantes da quadrilha foram condenados: as penas aplicadas somam 400 anos.

Atualmente, Bruno é sócio-proprietário de pelo menos três empresas ativas situadas em Guarujá: uma de importação e exportação de mercadorias, outra de assessoria comercial logística, e de uma adega. Antes de apagar os perfis nas redes sociais um dia depois de ser preso, ele aparecia em fotos e vídeos com artistas, atletas e políticos.

Entre os que aparecem nas fotos, está o deputado estadual Matheus Coimbra Martins de Aguiar, o tenente Coimbra (PSL), eleito com 24.109 votos no pleito de 2018. Após a prisão, o político deixou de segui-lo nas redes sociais. 

"Conheci-o há poucos meses, através de outras pessoas, mas não tenho amizade. Nunca soube de qualquer atividade ilícita por parte dele. Assim que soube da prisão, cortei qualquer tipo de relação, inclusive nas redes sociais, pois não me relaciono nem com suspeitos nem com bandidos", declarou o deputado, eleito pela primeira vez.

G1

Investigação

A Polícia Federal investiga a participação de Bruno na tentativa de envio de 760 kg de cocaína para a Bélgica. O carregamento foi interceptado no Porto de Santos, em fevereiro de 2017, durante operação com a Receita Federal, que localizou 27 bolsas com tabletes da droga em dois contêineres com fubá de milho. Ninguém foi preso na época.

Na audiência de custódia quarta-feira (29), o juiz da 5ª Vara Federal manteve a prisão enquanto aguarda o parecer do Ministério Público Federal (MPF) sobre o pedido liberdade provisória solicitado pelo advogado Ricardo Ponzetto, que defende o empresário. Bruno foi levado de volta à Penitenciária 1, localizada em São Vicente.

G1

O advogado Ricardo Ponzetto, que defende o empresário, afirma que o cliente é inocente. "Ele foi contratado para fazer a intermediação de exportação da carga de [fubá] milho, mas não tem qualquer ligação com a droga encontrada no contêiner. No depoimento à Polícia Federal, ele optou falar e esclareceu essa situação", afirma.

O empresário quer colaborar com as investigações e disse quais foram as empresas e pessoas envolvidas na compra e exportação do fubá de milho à Europa, inclusive apresentou documentos do trâmite. O advogado afirmou que o cliente que não tem passagem criminal e possui residência fixa. A revogação da prisão já foi solicitada.

G1

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