A Polícia Federal planeja mudar sua estratégia de ação na escolta ao Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude, por causa da decisão do pontífice de usar no Rio um papamóvel aberto, diferente do modelo tradicionalmente usado por seus antecessores, que é fechado e blindado. Fontes da PF ouvidas pelo GLOBO dizem que pelo menos a chamada segurança aproximada do Papa, que inicialmente contaria com 40 homens, deve aumentar. Um aumento do efetivo que fará a segurança periférica do pontífice também está em estudo. A notícia de que o Francisco utilizará em seus deslocamentos no Rio dois modelos de Jeep da Mercedes foi dada por Ana Cláudia Guimarães, da coluna Ancelmo Gois, no GLOBO, e confirmada pelo arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta. A intenção é permitir maior visibilidade para o santo padre.
- (Um dos Jeep) é o mesmo que ele usa em Roma. É um modo de ele se aproximar mais das pessoas, uma proximidade que ele sempre quer ter. O papamóvel que vinha tem um outro estilo, foi feito recentemente. Mas ele preferiu usar o que usa em Roma, para facilitar sua proximidade - disse dom Orani, acrescentando que o modelo de papamóvel escolhido não terá problemas em circular pela cidade. - Não haveria nenhuma problema em circular, não. É uma opção pessoal dele de se aproximar das pessoas.
Os veículos que transportarão o Papa já foram embarcados em um avião C-130 Hércules da Força Aérea Brasileira em Roma, na Itália. São dois papamóveis: um na tradicional cor branca e outro verde, ambos abertos. Após escalas em Las Palmas (Ilhas Canárias) e Fortaleza (CE), o desembarque está previsto para acontecer na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, na tarde da próxima segunda-feira.
O Papa Francisco chega ao Rio no dia 22, e ficará até o dia 28 de junho, quando termina a JMJ. Para teólogos, a decisão do pontífice não supreende:
- Eu já esperava. Esta atitude é muito coerente com o novo estilo de ser Papa. Mais simples, mais despojado, mais próximo dos fieis. Acho que vamos ver novos gestos neste sentido. Ele quer mostrar que é mais pastor do que chefe de estado - analisa Maria Clara Bingemer, teóloga PUC.
O diretor do Programa de Ciência e Religião da Universidade Cândido Mendes, Luiz Alberto Gómez de Souza, lembra que Francisco já abrira mão do papamóvel blindado na Ilha de Lampadusa, na Itália, para onde fez sua primeira viagem oficial para fora de Roma.
- Diferentemente dos papas anteriores, Francisco quer tirar qualquer sinal de que está acima. Evita pompa, práticas espalhafatosas, praticamente não usa o papamóvel blindado. Tenho a impressão de que vai haver muita contradição entre o que o Papa quer e o que está sendo preparado para ele aqui, completamente diferente do estilo de Francisco.