PF conclui que houve crime de ameaça contra diretores da Anvisa em e-mail

Caso foi enviado ao Ministério Público, que pode denunciar investigado, propor acordo ou pedir arquivamento.

PF conclui que houve crime de ameaça contra diretores da Anvisa | Reprodução
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A Polícia Federal concluiu que houve crime de ameaça em emails enviados a diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em novembro, por um homem que se diz contrário à vacinação de crianças contra a Covid. As informações são do G1.

Na mensagem, o homem diz que pretende retirar o filho da escola para evitar que ele tenha que tomar uma "vacina experimental", e que "quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho: será morto. Isso não é uma ameaça. É um estabelecimento".

O delegado responsável pelas investigações diz que, ao fim dos depoimentos, "restou claro que o 'estabelecimento' prolatado [...] seria mais que uma ameaça, mas uma certeza de que o mal injusto e grave ocorreria".

Caso foi enviado ao Ministério Público, que pode denunciar investigado, propor acordo ou pedir arquivamento. (Foto: Reprodução)

Apesar disso, o chefe do inquérito decidiu não pedir o indiciamento do homem investigado porque a ameaça é um crime de menor potencial ofensivo. O Código Penal prevê apenas detenção de um a seis meses para quem é condenado por essa conduta.

Uma instrução normativa em vigor desde 2016 proíbe os delegados da Polícia Federal de indiciar alguém por crimes de menor potencial ofensivo. O caso foi enviado à Justiça Federal do DF e será analisado pelo Ministério Público, que pode:

  • denunciar o homem à Justiça, mesmo sem o indiciamento pedido pela PF;
  • propor um acordo de transação penal, que pode resultar em punição alternativa à prisão (multa ou prestação de serviços, por exemplo);
  • pedir o arquivamento o caso.

Novas ameaças e nova investigação

Quando as primeiras ameaças foram feitas e o primeiro inquérito foi aberto, a Anvisa ainda não tinha sequer avaliado a possibilidade do uso das vacinas contra a Covid na população infantil.

Na última quinta-feira (16), a diretoria colegiada da Anvisa aprovou o uso de doses pediátricas do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. O Ministério da Saúde ainda avalia o tema e diz que anunciará uma decisão no dia 5 de janeiro.

Desde o anúncio, a diretoria da Anvisa e outros servidores da agência reguladora passaram a receber novas ameaças. A Polícia Federal já tinha aberto um segundo inquérito para apurar a continuidade das mensagens de intimidação, e deve incluir esses novos casos na mesma investigação.

Polícia Federal (Foto: Reprodução)

Horas após o anúncio da Anvisa na quinta, o presidente Jair Bolsonaro usou uma transmissão ao vivo em redes sociais para cobrar, em tom intimidatório, a divulgação dos nomes dos responsáveis pela liberação das vacinas para crianças.

"Não sei se são os diretores e o presidente que chegaram a essa conclusão ou é o tal do corpo técnico, mas, seja qual for, você tem o direito de saber o nome das pessoas que aprovaram aqui a vacina a partir dos cinco anos para o seu filho. (...) Agora mexe com as crianças. Então quem é responsável é você pai. Tenho uma filha de 11 anos. Vou estudar com a minha esposa qual decisão tomar", disse Bolsonaro.

A associação de servidores da Anvisa e o próprio diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres, repudiaram as falas em tom intimidatório.Veja detalhes no vídeo abaixo:

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