O relatório da Polícia Federal sobre o acidente que vitimou o ex-governador Eduardo Campos e mais seis pessoas apontou falha mecânica como a causa mais provável para a queda do avião que levava o então presidenciável, em 2014. A PF apresentou as conclusões do inquérito aos familiares das vítimas do acidente, entre eles a viúva do ex-governador Renata Campos, o filho João Campos e o irmão do socialista Antônio Campos, nesta segunda-feira (6), nas dependências do órgão no Aeroporto dos Guararapes, no Recife. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, também esteve presente.
A conclusão do inquérito da PF discorda do Cenipa e aponta uma falha mecânica do profundor do compensador, que fica na cauda do avião e que bota o avião para baixo ou para cima, como a causa mais provável.
O relatório do delegado Rubens Maleiner, responsável pelo caso, trabalhou com 10 hipóteses para a causa da queda do avião e restaram quatro. A desorientação espacial do piloto é a causa mais improvável para o acidente.
O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos morreu em um acidente aéreo, aos 49 anos, durante a campanha das eleições presidenciais de 2014. Na época, Campos era candidato pelo PSB e embarcou em um jato Cessna 560XL do Rio de Janeiro com destino ao Guarujá, no litoral paulista. Além do candidato, estavam no avião outras seis pessoas: os assessores Pedro Valadares e Carlos Percol, o fotógrafo Alexandre Severo, o cinegrafista Marcelo Lira e mais dois pilotos.
Polêmica com Cenipa
Em julho deste ano, o advogado e irmão do ex-governador Antônio Campos protocolou petição em Santos, na DPF, em que insiste que o laudo do CENIPA deve ser desprezado e que é fundamental o acesso a uma prova negada pelo CENIPA, os dados coletados nos motores do avião.
Antônio Campos também solicitou nos autos da ação de produção de provas a requisição pelo Juiz Federal de tal prova, “de grande importância na investigação”, segundo a família.
Na época, Antônio Campos informou que foi procurado por peritos que acompanham o caso e que eles apontaram a possibilidade de “sabotagem” que antes, de acordo com o próprio advogado, ele “resistia a admitir”. Com base nisso, o irmão de Eduardo Campos entrou com um requerimento para dar conhecimento às autoridades do que considera ser “fortes indícios” e pedir “rigorosa apuração” do inquérito aberto para investigar a queda do avião.
Em petição enviada à Polícia Federal, o advogado trouxe à tona um elemento que, para ele, pode “mudar o curso da investigação” e “transformar o acidente em homicídio culposo ou doloso”. O documento foi enviado ao delegado responsável pelo caso, Rubens José Maleiner.
Esse elemento seria a informação de que o sensor de velocidade (speed sensor) da aeronave não estaria em funcionamento durante o voo, segundo a petição de Campos.
“O speed sensor da aeronave à toda evidência foi desligado, intencional ou não, sendo essa última hipótese de não intencional improvável, o que caracteriza que o avião foi preparado para cair, o que caracteriza sabotagem e homicídio culposo ou doloso. Tal fato é grave e relevante na investigação da causa do acidente, podendo mudar o curso da investigação”, diz o documento.
Campanha eleitoral
A queda do avião teve forte impacto na eleição estadual daquele ano, quando foi eleito o governador Paulo Câmara, indicado por Campos. Ainda hoje é assim. Neste sábado, na convenção do PTB e aliados, o candidato de oposição ao governo do Estado Armando Monteiro usou o episódio para criticar o sucesso de campos.
“Sabemos que a eleição de 2014 não foi uma eleição em que apenas se elegeu um governador. Foi uma homenagem ao ex-governador Eduardo Campos. Mas essa justa homenagem se seguiu de uma grande decepção. Esse governo tem a marca da omissão: falhou na saúde, na educação, na segurança.”, afirmou.