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Pesquisa mostra que brasileiros preferem atividades culturais online a presenciais

90% realizaram atividades virtuais e 84% acessaram atividades presenciais nos últimos 12 meses

Ouvir música e podcasts estão entre as atividades culturais realizadas pelos brasileiros | Foto: Reprodução
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A 6ª edição da pesquisa Hábitos Culturais, realizada pelo Observatório Fundação Itaú com apoio técnico do Datafolha, aponta que a população brasileira realizou mais atividades culturais de forma remota do que presencialmente nos últimos 12 meses. Foram entrevistados 2.432 indivíduos, de 16 e 65 anos, em todo o país, entre 11 e 26 de agosto. A margem de erro máxima da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.

A pesquisa aponta que as atividades culturais virtuais foram praticadas por 90% dos entrevistados nos últimos 12 meses, enquanto 84% declararam realizar atividades presenciais. 

As cinco principais atividades culturais realizadas pelos brasileiros nos últimos 12 meses foram ouvir música online (85%), assistir a filmes em plataforma de streaming (74%), assistir a séries on-line (70%), participar de eventos ao ar livre (61%) e ouvir podcasts (54%).

Ao analisar a evolução nos últimos dois anos, observa-se estabilidade de consumo para a maior parte das atividades culturais realizadas (considerando a margem de erro de dois pontos para mais ou para menos da pesquisa). Apenas participar de eventos ao ar livre registra leve queda no período.

ATIVIDADES CULTURAIS PRESENCIAIS

As atividades que lideraram o consumo cultural presencial nos últimos 12 meses foram eventos ao ar livre (61%), shows de música (45%), festas folclóricas, populares e típicas (42%), cinema (37%) e atividades infantis (35%). 

Frequência e Motivação

A frequência das atividades presenciais se manteve estável, com 61% realizando atividades desta modalidade pelo menos uma vez por mês, e 28% realizando uma vez por semana. 13% disseram realizar uma vez ao ano.

Os principais motivos apontados para a realização de atividades presenciais foram relaxar, diminuir o estresse (44%), conhecer novos lugares (40%), adquirir conhecimento (34%), novas experiências (34%) e melhorar a saúde (32%), sendo este último o motivo que mais cresceu em relação ao ano passado, subindo 7 p.p.

Localidade

Os principais locais apontados para a realização de atividades culturais foram praças ou ruas (65% – crescimento de 5 p.p. em relação a 2024), igrejas ou espaços religiosos (60%), parques (52%), shoppings (41%) e escolas (40%). Os espaços públicos (parques, praças ou ruas) subiram 4%, representando 72% da população em 2025.

Os dados evidenciam o privilégio de classe no acesso à cultura nos espaços públicos: praças ou ruas são apontados por 70% dos entrevistados da classe A/B como locais de participação em atividades culturais, e o índice é de 54% na classe D/E. Parques são apontados como espaços de cultura por 67% dos indivíduos da classe A/B e 37% na D/E. 

A pesquisa verificou que houve também descentralização no acesso à cultura, com crescimento de 5 pontos percentuais entre aqueles que disseram ter ido a atividades culturais presenciais no próprio bairro ou em bairros próximos nos últimos 12 meses, com 59%, em 2024, contra 64%, em 2025. 

Mais uma vez, a pesquisa aponta para privilégios de escolaridade e classe neste acesso: enquanto 22% daqueles com ensino fundamental consomem cultura localmente, entre os formados no ensino superior, a taxa chega a 55%. Entre a classe A/B, o consumo é de 51%, enquanto na classe D/E, é de 24%. Mais da metade daqueles na classe D/E e com nível educacional até o ensino fundamental nunca consumiram cultura localmente.  

Mais de 85% das pessoas têm acesso tanto a equipamentos esportivos quanto espaços verdes próximos da sua casa, sendo que 7 em cada 10 afirmam ter fácil acesso a ambas. Em contraposição, uma menor parcela afirma ter acesso a equipamentos culturais (65%), sendo que 35% dizem que não existe na região. 

Dados também são afetados por recortes socioeconômicos e regionais: acesso a espaços verdes são de fácil acesso para 78% da classe A/B, e 62%, da classe D/E, enquanto equipamentos culturais são acessados facilmente por 44% daqueles na região Sudeste e 32% na região Centro-Oeste, por 47% da classe A/B e 35% da classe D/E.

A sensação de falta de atividades culturais na cidade em que se vive está em queda desde 2023, atingindo 37% neste ano, contra 40%, em 2024, e 56% no ano anterior. Essa sensação é maior em cidades do interior (40%) do que em cidades da região metropolitana e capitais (32%), e é mais citada entre aqueles com 45 a 65 anos (43%).

A pesquisa identificou ainda que 68% da população quer conhecer mais sobre os diferentes costumes e tradições das diferentes regiões do país: 67% expressaram o desejo de conhecer as tradições culturais e a história de sua cidade, e apenas 43% demonstraram interesse em acompanhar artistas que são da cidade em que reside. Os interesses aumentam conforme cresce o grau de escolaridade e classificação econômica.

ATIVIDADES CULTURAIS EM CASA OU ONLINE

Segundo a pesquisa Hábitos Culturais, as atividades que lideraram o consumo cultural em casa ou online nos últimos 12 meses são ouvir música online (85%), assistir a filmes em plataformas de streaming (74%), assistir a séries online (70%), ouvir podcast (54%), e empatados em quinto lugar, assistir a novelas e ler livros impressos, com 53%. A modalidade em casa ou online é mais realizada entre residentes nas regiões metropolitanas, pessoas que se autodeclaram brancas, à medida que aumenta a escolaridade e a classe econômica. 

Frequência e Motivação

A frequência entre aqueles que praticam atividades online ou em casa pelo menos uma vez por mês subiu 18 p.p. desde 2023, passando de 72% para 90% em 2025. Entre aqueles que praticam pelo menos uma vez por semana, o crescimento foi de 25 p.p., atingindo 74% neste ano. Assiduidade aumenta conforme os anos de escolaridade e classe econômica, e é menor entre aqueles com 45 a 65 anos.

Entre os motivos para realizar atividades culturais online, estão a comodidade (45%, o que representa um crescimento de 9 p.p desde o ano passado), segurança (34%, que aumentou 7 p.p. desde 2024), flexibilidade de horário (33%), aprendizagem, conhecimento, enriquecimento cultural (29%) e redução de custos com deslocamento (23%). Comodidade e flexibilidade de horário são mais frequentes conforme aumenta o porte do município, a escolaridade e a classe econômica.

Os motivos para não realizar atividades culturais online envolvem cansaço, desânimo, preguiça (30%, com aumento de 9 p.p. em comparação a 2024) falta de interação com outras pessoas (23%), problemas com a internet (22%, o que representa queda de 10 p.p. desde o ano passado), desconhecimento sobre programação (22%) e falta de interesse, vontade (20%). Problemas com a internet aparecem com bem mais frequência entre a classe D/E (29%) que na classe A/B (13%); entre os jovens de 16 a 24 anos, tais problemas são mais frequentes entre pretos (20%) que brancos (9%).

Plataformas de streaming

87% dos entrevistados acessaram plataformas de vídeo sob demanda, número que cresceu 19 p.p. desde 2023. As plataformas mais utilizadas foram Netflix (64%), YouTube Premium (33%), Globoplay (25%), Amazon Prime Video (23%) e Disney+ (16).

O consumo é mais frequente nas cidades da região metropolitana e capitais (91%) que em cidades do interior (84%), e aumenta conforme sobe o nível de escolaridade e classificação econômica. Também é mais comum entre os mais jovens (98%, ante 74% entre aqueles com 45 a 65 anos). 

As programações mais assistidas no streaming são séries (57%) sendo 38% estrangeiras e 32% nacionais, filmes estrangeiros (53%), documentários (36%), filmes nacionais (34%) e shows de música (30%). 48% acreditam que assistir a filmes em plataforma de streaming faz com que as idas ao cinema diminuam, enquanto 46% acreditam que não muda nada.

Para assistir a vídeos, as plataformas mais utilizadas são YouTube (64%), Instagram (52%), Tik Tok (45%), Facebook Watch (22%) e Kwai (21%). O uso do YouTube e do Instagram são mais citados conforme aumentam a escolarização e a classe social; para o Kwai, o caminho é inverso, sendo mais comum entre os menos escolarizados e a classe D/E.

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