SEÇÕES

Pesquisa aponta que veículos da imprensa tradicional são os mais confiáveis

A pesquisa revelou um contraste entre frequência de acesso e nível de confiança. Os meios mais acessados não são necessariamente os mais confiáveis.

TV digital smartv controle remoto audiência televisão | Foto: Getty Images/iStockphoto
Siga-nos no

Veículos da imprensa tradicional, conhecidos como jornalismo profissional, são considerados os mais confiáveis pelos brasileiros, enquanto as redes sociais continuam sendo o principal meio de acesso à informação. Esses são os principais achados da pesquisa Credibilidade das Mídias, conduzida pela agência de inteligência de dados Ponto Map em parceria com a V-Tracker.

“Vivemos um cenário de excesso de informação, onde nos sentimos sufocados pelo volume de conteúdo disponível. No entanto, informação por si só não necessariamente contribui para a formação de opinião”, afirma Marilia Stabile, fundadora e presidente do conselho da Ponto Map. “Diante dessa saturação, as pessoas tendem a retornar aos veículos tradicionais, que zelam por sua reputação e assumem responsabilidade sobre o que publicam.”

Contraste entre acesso e credibilidade

A pesquisa revelou um contraste entre frequência de acesso e nível de confiança. Os meios mais acessados não são necessariamente os mais confiáveis:

    •    Rádio: 81% de credibilidade e 47% de frequência de acesso

    •    TV fechada: 75% de credibilidade e 52% de frequência de acesso

    •    Mídia impressa: 68% de credibilidade e 41% de frequência de acesso

Por outro lado, entre os canais mais utilizados, a credibilidade é menor:

    •    Redes sociais: 74% de frequência de acesso, mas apenas 41% de confiança

    •    Aplicativos de mensagens (WhatsApp e Telegram): 73% de acesso e 51% de confiança

    •    TV aberta: 65% de acesso e 69% de credibilidade, sendo o meio que melhor equilibra alcance e confiabilidade

“Apesar da concorrência das novas mídias em som e imagem, a TV aberta segue sendo uma das mais relevantes e confiáveis”, explica a pesquisadora.

PESQUISA MOSTRA QUAIS OS VEÍCULOS MAIS CONFIÁVEIS - FOTO: PONTO MAP/V-tracker

Fatores que influenciam a confiança nas mídias

Os principais aspectos que aumentam a credibilidade de um veículo de informação são:

    •    Uso de fontes confiáveis (51%)

    •    Apresentação de dados e números claros (35%)

    •    Qualidade do conteúdo (32%)

    •    Profissionalismo dos apresentadores e jornalistas (31%)

    •    Reputação e tradição do veículo (21%)

Já os fatores que mais despertam desconfiança são:

    •    Falta de fontes citadas ou referências (44%)

    •    Títulos sensacionalistas (36%)

    •    Conteúdo opinativo disfarçado de notícia (34%)

    •    Percepção de viés político ou ideológico (31%)

rádio: um veículo confiável e democrático

O rádio lidera a lista de confiabilidade, combinando tradição e praticidade. “É o veículo mais democrático, pois alcança qualquer parte do país e permite que a pessoa se informe enquanto realiza outras atividades”, destaca Stabile.

A pesquisadora aponta que o rádio também se beneficia da combinação entre jornalistas locais, que falam sobre os problemas da comunidade, e grandes nomes do jornalismo nacional, que trazem um olhar mais amplo.

Aplicativos de mensagens: influência da proximidade

Apesar de compartilharem características com as redes sociais, aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram possuem um nível de confiança superior. O principal motivo é a proximidade entre remetente e destinatário.

“As pessoas tendem a dar mais credibilidade a mensagens vindas de amigos ou familiares, ainda que isso não seja um critério de confiabilidade”, explica a pesquisadora.

Geração Z e a busca pela credibilidade

O estudo aponta que os jovens entre 18 e 24 anos são mais criteriosos na escolha das fontes de informação e confiam mais na imprensa tradicional. Para essa geração, os fatores que mais influenciam a confiança são:

    •    Uso de fontes confiáveis (49%)

    •    Qualidade do conteúdo (38%)

    •    Dados e números claros (36%)

“Apesar de serem dinâmicos e adeptos da tecnologia, os jovens querem se certificar da veracidade da informação. Eles recorrem à mídia tradicional para checar se algo é verdadeiro”, afirma Stabile.

A importância da checagem de informações

Quando suspeitam da veracidade de uma notícia, os entrevistados costumam:

    •    Buscar fontes confiáveis ou ignorar o conteúdo (31%)

    •    Alertar amigos ou grupos nas redes sociais (11%)

    •    Consultar especialistas ou pessoas de confiança (9%)

    •    Usar ferramentas de checagem ou inteligência artificial (8%)

    •    Questionar a publicação nas redes sociais (6%)

    •    Compartilhar mesmo sem ter certeza da veracidade (5%)

“Os dados mostram que a maioria das pessoas está atenta às fake news e busca verificar as informações antes de acreditar nelas”, reforça Stabile.

Conteúdos patrocinados e credibilidade

A pesquisa também avaliou o impacto dos conteúdos pagos nos meios de comunicação. Segundo os entrevistados, a credibilidade desses conteúdos depende de:

    •    Relevância e sobriedade

    •    Identificação clara como material patrocinado

    •    Manutenção da reputação do veículo

Informação e exercício da cidadania

Para Marilia Stabile, os resultados do estudo evidenciam o fortalecimento da democracia no Brasil. “O consumo de informações é cada vez mais influenciado pela necessidade de entender o que acontece ao redor. Seja a onda de calor ou o aumento dos preços, as pessoas querem saber mais”, conclui.

SOBRE A PESQUISA

A pesquisa Credibilidade das Mídias ouviu 2.051 pessoas de todas as regiões do Brasil:

    •    Sudeste: 43%

    •    Nordeste: 26%

    •    Sul: 15%

    •    Centro-Oeste: 8%

    •    Norte: 8%

A amostra também foi dividida por:

    •    Gênero: 48% homens, 52% mulheres

    •    Classe social: 47% pertencem à classe C, 25% às classes A e B, e 28% às classes D e E

A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais, com um índice de confiança de 95%. O levantamento foi realizado de acordo com a metodologia do Censo 2022 do IBGE.

Tópicos
Carregue mais
Veja Também