Devido à sua situação geográfica, o cerrado funciona como elo com outros biomas como a Amazônia,
a Mata Atlântica, o Pantanal e a caatinga. Isso faz com que ele compartilhe espécies com os demais biomas, tornando-se um local de alta diversidade, a ponto de ser considerado a savana
mais rica em biodiversidade do planeta. No entanto, toda essa riqueza está ameaçada. Um estudo feito
por estudantes e professores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) mostra que
se o processo de desmatamento da região continuar no ritmo acelerado toda a
fauna dos cerrados desaparecerá até 2030.
Apesar de os cerrados piauienses ainda serem umas das regiões mais preservadas, os biólogos da UFPI acreditam que a previsão pode se concretizar, caso o avanço da pecuária e da agricultura permanecerem no ritmo atual. O levantamento aponta que são desmatados 2,6 mil km2 por ano nos cerrados piauienses. ?E esse índice é muito alto. Por isso, essa possibilidade de desaparecimento é muito real?, afirma Marcos Pérsio Dantas, biólogo e coordenador do grupo de pesquisa. Espécies ameaçadas como a onça-pintada, o tatucanastra, o lobo-guará, a águia- cinzenta e o cachorro-domato- vinagre, entre outras, ainda têm populações no Cerrado, mas que são os maiores alvos da caça predatória e do tráfico de animais. Todavia, espécies exclusivas do Cerrado, como o tamanduá- bandeira, estão na lista dos animais brasileiros ameaçados de extinção. Ao todo, 65 espécies do cerrado encontram-se em situação semelhante. No Piauí, seis espécies aparecem na lista do estudo da UFPI.
Marcos Pérsio afirma que fauna de vertebrados do Cerrado apresenta alta diversidade e um grande número de espécies endêmicas, ou seja, espécies que são encontradas apenas nessas áreas. A grande diversidade de ambientes do cerrado, que apresenta campos limpos, campos úmidos, cerrado típico
e mata de galeria permite que espécies de características ecológicas bastante distintas existam em uma mesma localidade. ?Desta forma, quanto maior a quantidade de ambientes diferentes em
uma localidade, maior tenderá a ser sua diversidade?, ressaltou o biólogo.
Com o avanço da agricultura e das cidades, de acordo com o estudo, a perda de espaço
ambiental vem crescendo significativamente. Por conta disso, as poucas espécies de mamíferos conhecidos ficam isoladas.
?Não há reprodução. Um número considerável estão em extinção. Assim, é difícil salvar as espécies conhecidas?, disse Marcos Pérsio.