Aos 46 anos, um pernambucano conseguiu realizar o sonho de se tornar definitivamente homem. Alexandre Emanuel nasceu uma menina, mas diz que sempre pensou como homem e sentia como se tivesse em um corpo errado. Após anos de luta, ele realizou no dia 5 de setembro a cirurgia de mudança de sexo no Hospital das Clínicas de Goiás.
Emanuel não conta que nome possuía quando ainda era garota. Isso é passado. Revela que desde criança já agia como um menino e não entendia porque era tão repreendido pelos adultos. Na adolescência, o desejo pelo mesmo sexo se concretizou e veio a fase mais difícil.
? A adolescência foi a fase mais difícil da minha vida. Hoje isso tudo até que é natural e existe uma aceitação da sociedade. Mas abaixo dos anos 80, a coisa era obscura. Ninguém aceitava.
Em 2004, aconteceu a primeira cirurgia. Foi retirado o útero e as mamas. Em 2005, Emanuel entrou na Justiça para conseguir a mudança de nome no documento de identidade, o que aconteceu em 2007. A partir daí começaria a batalha judicial para conseguir a cirurgia de mudança de sexo pelo SUS (Sistema Único de Saúde), já que ele não teria condições financeiras para custear o tratamento.
Em 2012, a Justiça decidiu de forma inédita que o Estado de Pernambuco fosse obrigado a custear o tratamento de Emanuel para a cirurgia porque nenhum hospital local estava disponível para o procedimento. Os custos com o transporte, hospedagens e alimentação para a operação em Goiás foram bancados pelo governo.
Segundo a direção do hospital, a partir da genitália feminina foi possível construir um saco escrotal, prolongar a uretra e criar um pênis. Emanuel deve ainda colocar uma prótese de silicone para dar volume. A segunda operação deve ser feita em cinco meses. Caso reaja bem aos procedimentos, ele poderá ter ereção normalmente e orgasmos, apenas não será fértil.
Emanuel afirma que assistiu a uma entrevista de Chris Beck e se inspirou no soldado. O americano trabalhou 20 anos no Navy Seals, um comando especial da Marinha dos EUA que frequentemente faz operações secretas em territórios inimigos. Em fevereiro de 2012, mais de um ano após sua aposentadoria da Marinha, ele trocou sua foto em seu perfil no LinkedIn pela de uma mulher alta, morena, com uma blusa branca, sorrindo diante de uma bandeira americana. E escreveu: "Tiro agora todos os meus disfarces e mostro ao mundo minha verdadeira identidade como mulher". Chris se tornou Kristin Beck.
? Ela se tornou mulher. Eu queria me tornar homem. Foi uma grande inspiração para que eu pudesse perseguir meu sonho. Eu nasci em um corpo errado. Eu tenho a mente de um homem. Não foi uma simples opção.
O pernambucano é formado em educação física e estuda atualmente engenharia ambiental. Ele afirmou que espera a conclusão do tratamento para tentar se relacionar com alguém e, quem sabe, até se casar com uma bela dama.