Ela pode começar silenciosa, aparentemente displicente. Muitos podem deduzir que é um simples resfriado, mas com o passar dos dias, a situação sai do controle e passa a preocupar, causar medo e incertezas. A pneumonia é a maior vilã para crianças menores de 5 anos, a doença que mais mata nesta faixa etária. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), são 1,2 milhão de óbitos por ano. Um inimigo que ousa interromper aspirações, daqueles que ainda nem tiveram tempo para entender a vida, portanto é primordial dar-lhe atenção, o risco é iminente e a cada hora perdida sem o adequado atendimento, maior é a chance de agravar-se o quadro. Não cabe esperar, assim que os sintomas surgirem é hora de agir e eliminá-la.
Esse mal perigoso acomete principalmente os países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, é uma infecção no pulmão, causada por vírus ou bactérias, ocasionando sintomas que se assemelham com outros problemas respiratórios, e que vão piorando com o passar dos dias. ?É uma doença da atualidade e principalmente nos países de Terceiro Mundo, nós temos uma incidência muito alta de mortalidade, por isso que a gente realmente sempre avalia uma criança hoje gripadinha, que não tem sinais de pneumonia, a gente pede para que retornem após 48 horas, apresentando sinais ou qualquer questão de dúvida?, revela o pediatra Carlos Flávio.
Neste período do ano, em que as chuvas predominam, cresce a incidência da pneumonia, estes índices preocupam os médicos que passam a receber cada vez mais pacientes com a doença, assim é necessário adotar precauções para evitar surpresas desagradáveis; o pediatra Carlos Flávio faz o alerta. ?O aumento é exponencial, a incidência de pneumonia varia em determinadas épocas. E nessa que nos encontramos agora, o aumento das doenças respiratórias em crianças, principalmente relacionadas a asma, sinusite, gripes e resfriados elevam-se muito.
Variando uma pequena porcentagem ano a ano, mas é praticamente estável e nós temos grupos que prioritariamente são de risco, nesses, tanto aumenta a incidência como a mortalidade, essa que é a grande preocupação?, diz. O profissional da saúde ainda revela que muitos pacientes que estão internados com outros problemas ficam mais suscetíveis a contrair a doença, provocando uma piora substancial.
Os pais ficam temerosos e lotam os corredores das emergências buscando respostas. ?Hoje em dia pela globalização, pela universalização do atendimento, a gente tem uma maior facilidade de acesso principalmente aqui na capital, então os pais em geral procuram atendimento nos primeiros sinais de problema respiratório?, garante Flávio. Porém, muitas vezes esbarram na falta de leitos para internação. Essa questão pode ser observada em vários centros do país, provocando uma deficiência no tratamento, crucial ao paciente que se encontra com pneumonia.
Com mais de duas décadas trabalhando em hospitais infantis, Carlos Flávio critica. ?Não há a necessidade de trazer médicos cubanos, o maior problema da saúde no Brasil está na falta de vagas na UTI, deveria haver uma ampliação?, pede.
A importância do tratamento correto pode ser o limite entre a vida e a morte nos casos de pneumonia. Portanto, no menor sinal, a dica é procurar atendimento.
Como perceber os sinais de alerta?
O pediatra Carlos Flávio aponta alguns sinais que os pais devem observar nos filhos, principalmente naquelas crianças que estão no considerado grupo de risco. ?Aquelas crianças que apresentam os sintomas clássicos associados a desconforto respiratório, aquela que está cansadinha, a criança que não está brincando, não consegue comer ou vomita tudo que engole, e com febre alta, então essas apresentam risco para um quadro de pneumonia e deve ser encaminhada imediatamente a urgência mais próxima para avaliação clinica e laboratorial, que são exames de sangue e raio X, que são necessários para a confirmação?, conta.
Porém o aconselhável pelo médico é que os responsáveis não esperem chegar a esta fase. ? Assim que a criança apresentar coriza, febre, nos procurem imediatamente?, pede.
Com a apresentação dos sintomas, a automedicação é uma medida que pode piorar a situação da criança, alguns remédios ao invés de ajudarem a minimizar o quadro, aumentam significativamente a gravidade, Carlos Flávio indica. ?A gente pede para evitar o uso de medicações por conta própria, porque é muito comum sem o diagnóstico, muitas vezes as crianças começam com outro quadro de doença e você começa a tratar com determinado medicamento que podem complicar o quadro. Então, no máximo um antitérmico que não seja o AAS?, orienta.
O pediatra ainda oferece dicas que contribuem no tratamento. ?É importante aumentar a oferta de líquidos, lavar o narizinho da criança e manter a alimentação, esses são os cuidados que todo mundo deve fazer em casa. Líquidos, remédio para febre, higiene nasal, alimentação são cuidados primordiais, observar a criança e com a piora do quadro clínico procurar imediatamente o posto ou hospital para uma avaliação médica diante do quadro para ver se é ou não pneumonia naquela criança?, completa.
Vacinas ajudam no combate
No mercado já existem algumas vacinas que auxiliam no combate a pneumonia, elas podem ser importantes para evitar os altos índices de mortalidade, principalmente no que tange às crianças. ?Realmente elas reduzem a taxa da doença, mas sabemos que nunca vai acabar, a pneumonia sempre vai existir, como existe nos países desenvolvidos; entretanto diminui a incidência e a gravidade, principalmente nos grupos de risco está diminuindo, ajuda muito na prevenção?, aponta Carlos Flávio.
Entre as opções disponíveis encontram-se as vacinas pneumocócicas 25 valente e a conjugada 13 valente, sendo a primeira aplicada apenas após os dois anos de idade. ?As vacinas são disponíveis na rede pública e já estão inseridas no calendário nacional de vacinação, e foi uma conquista muito grande da nossa sociedade?, revela o pediatra.
Mesmo com o uso da vacina, o importante é não se descuidar da saúde, os cuidados devem ser redobrados para garantir que as crianças possam, aproveitar essa fase da vida plenamente, sem a influência de obstáculos, por vezes intransponíveis, que podem por um fim em qualquer perspectiva.