Peregrinos renovam a fé em São Francisco no Ceará

Este ano, a Romaria Dom Joaquim, uma das mais tradicionais de Fortaleza, 50 anos de história e fé

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H? tr?s anos, o produtor de eventos Elenilton Jorge estava ? caminho de Canind? para festa de S?o Francisco, quando, em Caridade, se deparou com os andarilhos da Romaria Dom Joaquim. Ficou t?o comovido e com vontade de ser parte daquele movimento que desceu do carro e se juntou ao grupo. Foi a primeira vez que foi ? Canind? ? p?. Dois anos depois, ele repetiu a dose e fez o percurso completo, de cerca de 130 km, de Fortaleza at? Canind?.

Assim como outras 150 pessoas, Elenilton Jorge est? na fase de preparativos para a edi??o deste ano da Romaria Dom Joaquim, que sai amanh?, ?s 21 horas, e deve chegar a Canind? por volta de s?bado ? noite.

?Para mim, ? uma reflex?o de vida e um ato de f?. N?o se trata de uma religiosidade intensa, mas de valorizar o lado espiritual. ? uma experi?ncia muito rica e s?o muitos aprendizados nos tr?s dias de viagem?, conta o produtor de eventos, ante s da sua quarta caminhada.

Este ano, a Romaria Dom Joaquim, que leva este nome porque sai h? 50 anos da Rua Dom Joaquim, na Praia de Iracema, levar? cerca de 150 pessoas com o mesmo objetivo e f? ? cidade de Canind?. A organizadora ? Raimunda Gomes Braga, uma senhora de 83 anos, que assegura ainda ter a mesma energia de anos anteriores para a longa caminhada, apesar das restri?es e cuidados impostos pela sua fam?lia.

?Meu marido, que morreu h? dois anos, foi quem come?ou essa romaria. Desde ent?o, todos os anos aumenta a quantidade de pessoas que fazem a caminhada. Para participar, n?o fazemos nenhuma exig?ncia, vai quem quer. Organizo tudo de cora??o?, conta.

Dona Raimundinha, como ? conhecida, destaca que o grupo vai se organizando nos quatro meses anteriores ? viagem em reuni?es no ?ltimo domingo de cada m?s. ?As reuni?es s?o para que o grupo se conhe?a, converse e veja as afinidades e tamb?m se catequizar. Isso ? importante porque geralmente define os subgrupos na estrada. Eu, este ano, vou ficando mais atr?s, com o pessoal que j? tem certa dificuldade de andar?, conta a organizadora.

Um dos ensinamentos de quem j? conhece bem o ch?o que separa Canind? de Fortaleza ? sobre o desconforto. ?Quem n?o souber o que ? desconforto, que olhe no dicion?rio?, diz Raimundinha. Segundo ela, apesar do cansa?o, das dificuldades, da priva??o e das feridas nos p?s, s?o poucas as pessoas que desistem. ?O card?pio ? sempre arroz com feij?o ou feij?o com arroz. Vai todo mundo como Deus quer, recebendo a ajuda das pessoas no caminho?, explica.

Solidariedade

O p?blico que faz a romaria, conforme a organizadora, ?tem de todo tipo de gente: rico, pobre, mais ou menos?. Mas ? na estrada, conforme ela, que todas essas diferen?as desaparecem por completa. ?Na estrada, s? existe a f? em S?o Francisco. Todo mundo ? igual?, relata.

Dona Raimundinha conta que s?o muitas as manifesta?es de desprendimento no meio do caminho, materializando a m?xima de S?o Francisco ?? dando que se recebe?. ?Tem um senhor chamado doutor Delano, em Maranguape, que abre todos os anos a casa dele para n?o sei quantas pessoas que nem conhece e tem sempre a mesa farta e posta 24 horas. Uma vez eu perguntei porque ele fazia aquilo e ele me disse que tinha observado a romaria durante cinco anos e fez a sua reflex?o?.

Para dona Raimundinha, a solidariedade dessas pessoas ? t?o especial que parece coisas de quem est? ?fora da terra?.

No percurso, antes de chegar em Canind?, os andarilhos param em Maranguape, Ladeira Grande, Amanari, Lagoa do Juvenal, Campos Belos, Santa F? e Caridade.

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