Patricia Ferreira Monte Feitosa, nascida em Teresina no dia 31 de março de 1976, é uma advogada com trabalho social muito relevante para o Piauí. Ela atua de forma importante da Defensoria Pública em projetos que beneficiam pautas essenciais dos direitos humanos.
Das aulas de educação cívica no Colégio das Irmãs até a Universidade Federal do Piauí (UFPI), Patricia sempre esteve decidida que seria uma operadora do direito. Hoje, ela protege, na prática, a comunidade LGBTQIA+, pessoas em situação de rua e pessoas com deficiência mental.
Para isso, os projetos ‘Meu Nome Meu Orgulho’, ‘Defensoria Pop Rua’ e ‘Mente Cidadã’, respectivamente. O interesse em militar nessas áreas surgiu da vivência como chefe de gabinete da Defensoria Pública do Estado do Piauí, além do trabalho realizado em outras instituições.
Patricia reuniu um ‘acúmulo’ de conhecimentos para proporcionar uma rede interinstitucional em prol daqueles que mais precisam. Além de proporcionar mais dignidade, como o nome civil a uma pessoa transsexual, por exemplo, a advogada promove inclusão social.
Para NOSSA GENTE, Patricia Monte é um exemplo de quem defende e trabalha para melhorar a vida de pessoas, principalmente aquelas que mais precisam de apoio. Sobretudo, o apoio jurídico e a busca por direitos efetivos.
Jornal Meio Norte: Como foi sua trajetória profissional?
PM: Estudei no Colégio das Irmãs a vida quase toda. Formei na UFPI. Passei no concurso e fui servidora por quatro anos na Justiça Federal. Depois saí para assumir o concurso de Delegada de Polícia civil do Piauí, no período participei da instalação da Delegacia de Direitos Humanos. Fiquei por 4 anos e fui nomeada para a Defensoria Pública, onde estou há 15 anos! Trabalhei na Regional de Água Branca e Campo Maior. Depois vim pra ser defensora pública em Teresina e atuei 6 meses na execução penal. Saí de licença maternidade e voltei para atuar nas Defensorias de Família.
JMN: Por que a senhora escolheu o curso de direito?
PM: Eu sempre fui decidida em ser advogada. Eu não sei o motivo específico. Mas eu tinha muita vontade de trabalhar com a justiça social. O que eu podia fazer de útil para as pessoas, por exemplo. No Colégio das Irmãs tive educação cívica, então comecei a gostar. Escolhi desde nova, aos 14 e 15 anos, eu já sabia.
JMN: Quando você se interessou por direitos humanos?
PM: Quando fui delegada de polícia. Fui convidada a elaborar a primeira delegacia dos direitos humanos. Então, conheci a militância e os movimentos sociais, e eu achava muito interessante a coragem deles em participar das políticas públicas. Quando fui para a Defensoria Pública, passei a receber mais demandas de direitos humanos no gabinete. Então, uni minhas experiências na Polícia Civil, na Justiça Federal e na Defensoria. Comecei a pensar em gestão de políticas públicas. Queria fazer trabalhos de maior alcance social. Então pensei em três projetos.
JMN: Quais são eles?
PM: ‘Meu Nome é Meu Orgulho’, para garantir o nome civil para pessoas transexuais, beneficiando quase 100 pessoas trans desde 2018; além do ‘Defensoria Pop Rua’, para pessoas em situação de rua; e o projeto Mente Cidadã para dar assistência a pessoas com transtorno mental, com mais de mil atendimento.
JMN: Quais as principais pautas da comunidade LGBTQIA+?
PM: O respeito é sempre uma pauta. O direito de convivência, o casamento, a guarda. A maior pauta deste ano é a inclusão do mercado de trabalho. Essas pessoas têm problema de evasão escolar e a família não acolhe. Eles acabam não tendo uma formação completa. O maior drama atualmente é se inserir no mercado de trabalho. Os gays afeminados e os transsexuais sofrem ainda mais com isso. Há preconceito com a aparência.
JMN: E das pessoas em situação de rua?
PM: As pessoas em situação de rua são completamente excluídas de qualquer processo. A fome é um grande problema, além da falta de identificação civil. Assim é possível garantir o mínimo. É um ambiente de tanta indignidade que a política pública de forma eficiente não deve ser apenas abrigar, mas incluir no mercado de trabalho e através de uma moradia digna. A dependência química também é determinante nesse processo.
JMN: E a pessoa em situação de transtorno?
PM: As políticas públicas são ineficientes. A rede de assistência recebe pouco investimento. Em todos os níveis, estão investindo muito em casas terapêuticas, que não tem preparo como a rede de assistência psicossocial. Isso deve ser implantado pelos municípios. No Piauí, não temos uma instituição pública, salvo os Caps AD, que têm se mostrado ineficientes pela demanda.
JMN: Quais seus planos futuros?
PM: Esses projetos são desenvolvidos dentro da defensoria pública. Depende muito da gestão. Se eu puder, quero continuar dando continuidade, em especial o ‘Mente Cidadã’, pela grande procura. Há um trabalho interinstitucional. A doença mental precisa de um tratamento contínuo. O autismo, por exemplo, vive uma luta contínua com planos de saúde para determinados tratamentos.