Parentes de vítimas do acidente da Gol pedem punição a pilotos

Pilotos seguem trabalhando nos EUA após acidente da Gol que matou 154.

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Familiares das vítimas do acidente do voo 1907 da Gol, que matou 154 pessoas depois de o Boeing da empresa colidir no ar com um jato Legacy e cair no interior de Mato Grosso, em setembro de 2006, querem que o governo brasileiro pressione os Estados Unidos a punir os pilotos da aeronave americana.

Em carta enviada para a presidente Dilma Rousseff, a Associação dos Familiares das Vítimas do Voo Gol 1907 pede que ela interceda junto ao governo americano e à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para que os pilotos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, que controlavam o Legacy envolvido na queda, sejam proibidos de voar também no território dos Estados Unidos.

"Para nós, familiares dos mortos, não interessa apenas que eles não voltem mais para o Brasil. Queremos que os pilotos, que são os culpados pela tragédia, não possam mais trabalhar em nenhum lugar do mundo. Eles representam um risco grave", afirma Rosane Gutjahr, diretora da associação.

"Queremos a pressão da Presidência no caso na área administrativa, junto à Anac, para que o governo brasileiro faça os EUA cumprirem um acordo que têm com o Brasil e casse o brevê dos pilotos. Isso só depende de uma atitude da Anac e do Itamaraty. No processo judicial, sabemos que isso tem que ser isento, sem interferência", completa.

Joseph Lepore e Jan Paul Paladino foram considerados culpados pela Justiça brasileira, em maio de 2011, e proibidos de voar no país. Em sua decisão, o juiz federal Murilo Mendes, de Sinop (MT), considerou que os pilotos americanos foram negligentes ao não observarem que equipamentos de segurança estavam desligados, colaborando para a colisão no ar com o Boeing da Gol.

Em seu despacho, o juiz disse que houve negligência por parte dos pilotos em relação à falta de verificação do funcionamento do transponder (equipamento da aeronave que passa aos controladores de voo no solo informações como altitude, velocidade e direção do avião) e do TCAS (que informa a existência de aeronaves nas proximidades).

Mendes sentenciou os pilotos a quatro anos e quatro meses de prisão. A pena foi revertida em prestação de serviço comunitário, mas ainda não foi cumprida. A defesa dos americanos recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, onde pretende reverter a condenação. O julgamento será realizado na tarde desta segunda-feira (15). Os pilotos não virão ao Brasil para a sessão.

Procurados para falar sobre o pedido dos familiares das vítimas da tragédia, o Itamaraty e o Planalto não responderam aos questionamentos da reportagem.

Joseph Lepore e Jan Paul Paladino não sofreram punições nos Estados Unidos. O NTSB (órgão americano que apura tragédias aéreas) acompanhou o relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), do Brasil, que concluiu que as falhas dos pilotos e dos controladores, ao não perceberem que o transponder e o TCAS estavam desligados, contribuíram para o acidente.

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