No começo de fevereiro, o delegado Alberto Teixeira, superintendente da Polícia Civil em Marabá, no Pará, decidiu colocar todo o efetivo nas ruas. À noite, liderou um comboio de cerca de 20 carros pela cidade. No jargão local, é o que se chama de "patrulhão".
A ideia era fazer uma blitz nos pontos mais notórios de tráfico de drogas. Não demorou para que o patrulhão se desmantelasse. Relatos de assassinatos cometidos por duplas em motocicletas começaram a pipocar em diferentes pontos da cidade, cortada em três setores distintos pelos Rios Tocantins e Itacaiúnas.
As equipes de policiais se dividiram para atender aos chamados. Único a percorrer todas as cenas de crimes, o delegado Teixeira contou nada menos que 13 cadáveres antes de o sol nascer. Era seu primeiro dia de trabalho na cidade.
"Foi um cartão de boas-vindas mandado pelo tráfico", disse Teixeira, especialista em combate ao crime organizado. "Em 19 anos de polícia, nunca tinha visto nada parecido", acrescentou o delegado, que há pouco mais de quatro meses trocou Belém pelo principal município do "Polígono da Violência" - região no sudeste do Pará que concentra 14 cidades com altas taxas de assassinatos (veja quadro).
Graças principalmente à espiral de violência nessa área, a Região Norte ultrapassou o Nordeste e é, pela primeira vez, a campeã de homicídios no País. Teve quase 34 mortos por 100 mil habitantes em 2009. Cinco anos antes, com taxa de 23/100 mil, estava em quarto lugar, à frente apenas da Região Sul, segundo o Sistema de Informações de Mortalidade, do Ministério da Saúde.