O falecido Papa Francisco estabeleceu um vínculo especial com o Ceará ao dar passos decisivos no processo de beatificação de padre Cícero e oficializar o reconhecimento da menina Benigna como beata. Essas ações, que ocorreram nos últimos anos de seu pontificado, reforçaram a importância do Nordeste brasileiro no cenário católico mundial.
Padre Cícero rumo aos altares
Em agosto de 2022, o Vaticano iniciou oficialmente a análise para beatificação do padre Cícero Romão Batista, símbolo da fé popular nordestina. O próprio Francisco enviou uma carta à diocese do Crato, lida pelo arcebispo Dom Magnus Henrique Lopes, demonstrando pessoal interesse no processo. Nascido em 1844 no Crato, padre Cícero continua sendo uma das figuras religiosas mais veneradas do Brasil, com devotos que peregrinam anualmente a Juazeiro do Norte.
Benigna: mártir cearense
A menina Benigna Cardoso da Silva, assassinada aos 13 anos em 1941 por recusar avanços sexuais, foi beatificada em outubro de 2022 após autorização pessoal do papa em 2019. Tornou-se assim a primeira beata do Ceará e a quarta mártir reconhecida no Brasil. Sua história de resistência e fé transformou-se em símbolo contra a violência sexual e o feminicídio, inspirando romarias até os dias atuais na região do Cariri.
Impacto duradouro
Estes gestos do pontificado de Francisco consolidaram o Ceará como importante centro de espiritualidade católica no Brasil. Enquanto o processo de padre Cícero segue seu curso - com potencial para torná-lo o primeiro santo cearense -, a beatificação de Benigna já rende frutos, com seu santuário em Santana do Cariri recebendo cada vez mais peregrinos. O legado do "papa dos pobres" permanece vivo no estado através destas figuras que representam a fé popular e a resistência dos mais vulneráveis.