O Papa Bento XVI fez acolher, quando era arcebispo de Munique, no sul da Alemanha, em 1980, um padre suspeito de atos de pedofilia, para que ele se tratasse, anunciou em comunicado, nesta sexta-feira (12), o arcebispado da cidade alemã.
"A pedido do bispo de Essen, o abade H. foi recebido no arcebispado de Munique e Freising em janeiro de 1980", do qual era titular Josef Ratzinger, no período de 1977 a 1982, segundo a nota.
O comunicado confirma informações que serão divulgadas neste sábado no jornal "Süddeutsche Zeitung".
Apesar da decisão sobre a necessidade de terapia e das suspeitas de abusos sexuais que pesavam sobre ele, "foi designado assistente de capelão numa paróquia da diocese de Munique, pelo vigário geral da época", Gerhard Gruber, diz o texto.
Em junho de 1986, o abade foi condenado à pena de 18 meses de prisão com direito a sursis e ao pagamento de multa de 4.000 marcos (US$ 2.813), por abusos sexuais cometidos contra menores, pelo tribunal de Ebersberg, que ordenou, além disso, que fizesse psicoterapia.
Desde então, prossegue em atividade na Baviera, mas as autoridades episcopais não tiveram conhecimento de nenhum outro incidente, segundo o comunicado do arcebispado.
"A nomeação em várias oportunidades do abade H. para funções espirituais foi um grave erro. Assumo toda a responsabilidade", declarou monsenhor Gruber, citado no texto.
"Lamento profundamente que esta decisão tenha contribuído para que adolescentes tenham sido molestados e peço perdão a todas as pessoas que tenham sido prejudicadas", acrescentou.
De novembro de 1986 a outubro de 1987, o sacerdote H. atuou num asilo de anciãos, depois foi nomeado administrador do conselho paroquial na comunidade de Garching.
"Para as nomeações para funções espirituais foram determinantes a condenação relativamente clemente do tribunal de Ebersberg e o relatório do psicólogo que o tratava", destacou o texto do arcebispado.
Vaticano
O Vaticano esclareceu que Bento XVI não tem relação com o caso.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, ressaltou que a arquidiocese de Munique-Freising já "explicou" os fatos, no qual diz que o então vigário geral da diocese alemã, Gerhard Gruber, assumiu "a plena responsabilidade" pelo ocorrido.
"Evidentemente o vigário não seguiu as indicações do então arcebispo Joseph Ratzinger, que tinha definido que o sacerdote não desenvolveria atividade pastoral alguma", disse Lombardi.