Pai de mulher morta após ter Samu negado diz: “Foi covardia”

Médico teria recusado ambulância porque paciente tinha convênio.

João Maciel, pai da vítima | Reprodução/EPTV
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?Foi uma covardia o que eles fizeram?, assim o ferroviário João Maciel, 55 anos, definiu o que aconteceu com a filha dele, Eliane Cristina Maciel Martins, 29 anos, que morreu na segunda-feira (16) após esperar por duas horas por uma ambulância do Samu. Um telefonista que trabalha no serviço de resgate administrado pela Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) afirmou que o médico responsável pela regulação negou o atendimento quando soube que a paciente tinha plano de saúde.

Eliane fazia tratamento para doença renal e teve uma crise na madrugada de segunda, quando foi levada pelo pai às pressas para uma unidade básica de saúde. No local, a médica que prestou atendimento solicitou uma ambulância do Samu para que a paciente, em estado gravíssimo, fosse transferida para o hospital do qual era conveniada. O responsável pela regulação, porém, teria avaliado que o transporte deveria ser feito por uma ambulância contratada pelo plano de saúde da jovem.

Afirmando ainda estar transtornado, Maciel falou sobre as horas que antecederam a morte da filha. ?Eu achei muito estranho. A médica pediu a ambulância do Samu, mas depois ela me perguntou se a Elaine tinha convênio?, lembrou.

?Minha filha foi piorando e a médica explicou [por telefone] para o pessoal do Samu, mas acho que era falta de vontade. O que eles fizeram com a minha filha foi uma covardia. Se fosse um parente desse médico, ele mandava a ambulância?, desabafou Maciel.

Promotoria

O Ministério Público abriu inquérito nesta segunda-feira para investigar a morte de Eliane. Para o promotor Sebastão Sérgio da Silveira, a mulher deveria ter recebido atendimento de urgência na unidade de saúde e depois ser transferida para o hospital privado. "O SUS é universal, ele foi criado para atender todas as pessoas?.

Outro lado

O advogado do médico responsável pela regulação do Samu no horário da ocorrência foi procurado pela reportagem, mas não se pronunciou sobre o caso.

O Hospital São Francisco comunicou, em nota, que a ambulância do convênio foi acionada logo que recebeu o chamado da unidade de saúde da Prefeitura, mas o atendimento não foi realizado porque a paciente já estava morta.

A Prefeitura de Ribeirão Preto, responsável pela regulação do Samu na cidade, informou em nota que a paciente foi atendida pela equipe médica da Unidade Básica Distrital de Saúde (UBDS) Quintino e recebeu tratamento adequado para as condições que apresentava.

A nota informa ainda que uma Comissão de Averiguação da Secretaria da Saúde terá 15 dias para investigar os fatos.

Denúncia

O caso foi denunciado pelo telefonista do setor de regulação do Samu, Gerson Ferreira de Carvalho, que intermediou o diálogo entre o médico responsável pelo serviço e a unidade de saúde municipal onde a vítima recebeu os primeiros socorros. "Ele [o médico regulador] retirou o pedido [de socorro] e orientou a paciente a acionar o São Francisco para o resgate", contou.

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