O pai do paciente que estava internado no Hospital Evangélico, em Curitiba, há quatro anos e que morreu após um dos funcionários ter desligado o aparelho que o mantinha vivo, Pedro Rodrigues, disse ao que pretende entrar com um processo pelo ocorrido.
"A enfermeira vai ter que pagar. No início eu não pensava nisso, mas minha filha me convenceu que precisamos fazer justiça. Se não fizermos, vamos colaborar para que outra pessoa, um dia, possa passar pelo mesmo sofrimento", declarou o pai.
O paciente João Carlos Rodrigues morreu em agosto deste ano. Ele sofria uma doença rara que prejudica o sistema respiratório e sobrevivia com a ajuda de aparelhos. Ao saber da morte do filho, a mãe teve um infarto fulminante e também morreu.
"Eu estava no trabalho quando me ligaram para ir até o hospital. Passei em casa antes para pegar umas coisas e soube pela minha mulher, que avisaram antes. Foi horrível, ela só teve tempo de me contar o que aconteceu e não aguentou", explicou o pai.
Após a morte do paciente, o hospital abriu uma sindicância para averiguar o que teria causado a morte, já que houve denúncias que Rodrigues não teria recebido o atendimento adequado. Na quinta-feira (4), a direção do hospital admitiu o erro de um funcionário e que ele teria provocado a morte do rapaz. O referido profissional, que já estava afastado de suas funções desde a instauração da sindicância, foi desligado do quadro de funcionários do hospital.
"Eu quero que essa pessoa pague pelo que fez. Eu quero fazer justiça. As pessoas tem que ter responsabilidade pelo que faz, meu filho estava há quatro anos internado, como é que ela vai desligar o aparelho assim de uma hora para outra?", questionou Pedro.
O pai explicou ainda que sabia que um dia o filho iria morrer, já que a doença não tem cura, mas que não se conforma por ter acontecido desta forma. "Minha família acabou por causa de um erro de alguém que não pensou. Isso é seríssimo. O hospital contrata pessoas profissionais, mas na hora de cuidar alguns tem amor, já outros tem má vontade".
"Minha vida mudou, simplesmente acabou (...)", lamentou o pai.
Investigação
O Ministério Público (MP-PR) investiga o caso e afirmou que o responsável poderá responder por homicídio culposo. "Em tese, o auxiliar de enfermagem que teria desligado o aparelho que mantinha vivo o paciente poderá responder por homicídio culposo. A Promotoria também não afasta a possibilidade de responsabilização do Hospital Evangélico por não ter, supostamente, capacitado e orientado adequadamente o funcionário", afirma um dos trechos da nota.