Padrasto de Joaquim queria deixar as drogas, afirma coordenador de clínica

Guilherme Longo queria ajudar colegas a se reabilitarem, afirma Souza.

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Um viciado em drogas que era esforçado e se recuperou rapidamente. É assim que o coordenador de uma clínica de reabilitação para dependentes químicos em Ipuã (SP) descreve o padrasto do menino Joaquim, o técnico de informática Guilherme Longo, que se tratou contra o vício em cocaína, há dois anos, no local. Pedro Roberto de Souza conviveu seis meses com Longo e mãe do menino, Natália Ponte, que atuava como psicóloga na clínica, onde o casal se conheceu. ?Nunca tiveram nenhuma dificuldade aqui dentro.?

Apontado como principal suspeito pela morte de Joaquim Ponte, de 3 anos, Longo prestou nesta quarta-feira (13) depoimento na Delegacia de Investigações Gerais (DIG), onde reforçou a alegação anterior de que é inocente. O corpo da criança foi encontrado no Rio Pardo, em Barretos (SP), no último domingo (10) depois de desaparecer do interior da casa em que vivia com Longo em Ribeirão no dia 5.

Em meio às investigações, Longo confirmou à polícia que nas últimas semanas havia tido recaídas e na madrugada em que Joaquim desapareceu chegou a sair a procura de cocaína, mas negou que seu problema o tenha levado a ter feito mal à criança.

De acordo com Souza, antes de chegar a conhecer a mãe de Joaquim, a psicóloga Natália Ponte, Longo chegou à clínica de reabilitação bem debilitado em razão da dependência química, mas se mostrou disposto a mudar. ?Ele veio da rua com aceitação da recuperação dele, que realmente ele era um dependente químico?, afirma.

A força de vontade do então viciado, segundo o coordenador, motivou o técnico em TI a fazer um curso para continuar ajudando outras pessoas a se libertarem do mesmo problema. ?Ele concluiu o tratamento dele e quis dar continuidade na recuperação. Fez um curso de coordenação, começou a fazer um estágio aqui. Só que teve uma oportunidade de trabalho e se retirou da clínica para poder trabalhar em outra área?, explica.

Foi no curso de coordenação, lembra Souza, que Longo se aproximou de Natália e ambos começaram a namorar. Uma relação que, de acordo com o coordenador, não aparentava ter problemas. ?Eles foram fazer um curso fora da instituição e lá se envolveram. Quando voltaram, eles já chegaram e assumiram o namoro e deram continuidade. A única coisa que pedimos a eles foi que não envolvessem ciúmes no tratamento de outros pacientes. E assim foi cumprido.?

Essa impressão de família feliz ele teve também depois que Guilherme deixou a clínica, mas visitou a instituição com Natália e Joaquim para celebrar o Natal. ?Vieram o fim de ano conosco. A Natália ficou ajudando a fazer os preparativos do Natal e o Guilherme cuidado do Joaquim, sempre tranquilo?, recorda.

Souza se diz surpreso com a história que repercutiu em todo o pais sobre a morte de Joaquim e a suspeita de que Longo tenha matado a criança. ?Não sei te dizer o que aconteceu. Sei que, se uma pessoa que passou por tratamento recai ao uso de drogas, ela se abala um pouco, mas não ao ponto de cometer insanidade dessas. (...) Foi um impacto para nós.?

Depoimento

O técnico em TI Guilherme Longo negou na tarde desta quarta-feira à Polícia Civil envolvimento na morte da criança. A afirmação é do advogado dele, Antônio Carlos Oliveira. O depoimento foi acompanhado pelo delegado Paulo Henrique Martins de Castro, chefe das investigações, pelo promotor Marcus Túlio Nicolino e pelo advogado de defesa de Longo. O padrasto de Joaquim, que chegou ao local às 12h, deixou o prédio por volta das 19h em uma viatura policial.

Em entrevista coletiva, Oliveira afirmou que pedirá a revogação da prisão de Longo na quinta-feira (14). Ele alega que a prisão foi decretada no fim de semana por um juiz plantonista, sendo que a responsabilidade pela decisão cabe à juíza responsável pelo caso. Longo está preso temporariamente desde domingo (10), após o corpo de Joaquim ter sido encontrado no Rio Pardo, em Barretos (SP).

O padrasto e a mãe de Joaquim, a psicóloga Natália Ponte, são suspeitos do crime. Natália está presa na Cadeia Feminina de Franca (SP).

O padrasto afirmou, segundo o advogado, que semanas antes do desaparecimento de Joaquim havia aplicado 30 doses de insulina em si mesmo, em vez de duas como havia dito anteriormente à Natália. A informação foi confirmada pela mãe do menino em depoimento à polícia. Longo disse que fez a aplicação da insulina, destinada ao tratamento de Joaquim contra diabetes, porque havia feito uso de quatro cápsulas de cocaína obtidas na troca de um celular. De acordo com Oliveira, após aplicar a insulina, Longo descreve que passou mal e teve que ingerir muito açúcar para minimizar os efeitos.

No entanto, em seu primeiro depoimento antes da prisão, Longo havia dito que, ao retornar para casa na noite do sumiço de Joaquim, havia ido direto para o quarto do casal.

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