O segundo caso de morte de paciente renal por falta de tratamento aconteceu no último domingo, dia 30 de outubro, em Teresina. A vítima, um cobrador de ônibus identificado como Francisco Macedo, 49 anos, estava na espera para realização de diálises peritoneais regularmente.
Luiz Filho, presidente da Associação dos Pacientes Renais Crônicos do Piauí (Aprepi), denuncia a real situação e afirma que não havia kits para o procedimento.
"A situação é caótica para nós e principalmente para os pacientes. Quando um paciente necessita da hemodialise peritonial, acontece o que aconteceu com o Francisco e a Dona Francineide [primeira vítima], que foram a óbito porque nossos governantes não estão tendo a preocupação com a questão da diálise peritoneal, ou seja, não está acontecendo no Piauí porque desde 2003, segundo a empresa que fornece os kits, não está ocorrendo reajuste nesse valor e ela já não quer mais vender pelo valor SUS. Isso, portanto, resultou em dois óbitos”, afirmou.
De acordo com o presidente, outros casos com óbito podem ocorrer na capital ou no interior. “Nós temos receio que este número [de mortes] possa ser maior, caso a questão não seja resolvida”, acrescenta Luiz Filho.
A diálise peritoneal precisar ocorrer quando o paciente já não possui mais acesso para hemodialise. Dos 1.500 pacientes renais em Teresina, pelo menos 20 necessitam da diálise peritoneal.
“Esses kits quem faz o pagamento e o reajuste é o próprio Ministério da Saúde. Nós, então, estamos mobilizando para que a Secretaria de Estado possa estar entrando em contato com o Ministério da Saúde para saber como ficará a questão desse reajuste, porque a gente teme que mais vidas sejam perdidas devido à esse impasse”, afirmou.
A Associação dos Pacientes Renais Crônicos do Piauí tem buscado respostas em hospitais e junto ao Ministério Público e órgãos governamentais, mas explica que o Estado precisa, com urgência, garantir o direito à saúde.
Diálise Peritoneal - É uma opção de tratamento através do qual o processo ocorre dentro do corpo do paciente, com auxílio de um filtro natural como substituto da função renal. Esse filtro é denominado peritônio. É uma membrana porosa e semipermeável, que reveste os principais órgãos abdominais. O espaço entre esses órgãos é a cavidade peritoneal. Um líquido de diálise é colocado na cavidade e drenado, através de um cateter (tubo flexível biocompatível).