Uma dona de casa de Itabuna, cidade no sul da Bahia, entrou na Justiça para denunciar um caso de erro médico. Quatro meses depois de fazer uma cirurgia em Ilhéus, também na região sul, Meire Silva descobriu que a equipe médica que a operou esqueceu uma gaze dentro da barriga dela. Um exame de ultrassom confirmou que o objeto estava no intestino da paciente desde março de 2011, quando o procedimento cirúrgico foi realizado.
Segundo Meire Silva, dores abdominais a alertaram para o problema. ?O primeiro médico disse que podia ser gastroenterite. Passou uns remédios, eu tomei e continuaram os sintomas. Foi quando eu resolvi procurar outro médico e pedir uma ordem para fazer um ultrassom. Foi aí que detectou que era um corpo estranho, no caso a gaze que tinha ficado dentro [da barriga]?, disse.
Poucos meses depois de ser operada em Ilhéus, Meire teve que passar por uma nova cirurgia para a retirada da gaze. A operação foi realizada em um hospital de Jequié, no sudoeste do estado, onde mora a família da dona de casa. Ela afirma que não consegue ter uma vida normal há quase um ano. "Uma cicatriz horrível. O pior, que mais me deixa triste, é que não posso me alimentar direito, nem posso também fazer os trabalhos de casa que fazia antes", afirma.
Meire registrou queixa no Conselho Regional de Medicina pedindo apuração do caso. Ela busca reparação por danos financeiros e psicológicos na 4ª Vara Cívil, em Itabuna. A advogada dela, Neiva Souza, disse que o processo foi encaminhado para a Justiça em Salvador. "Desde que aconteceu esse fato, ela não é mais a mesma pessoa. Ela não consegue mais trabalhar, psicologicamente ela está arrasada, a barriga dela tem um volume alto que não tinha antes", diz a advogada.
Segundo o médico Lisandro Barbosa, que operou Meire em Ilhéus, deixar a gaze no intestino da paciente é considerado normal. O cirurgião de Jequié, que fez a retirada do objeto da barriga da dona de casa, disse que o "esquecimento" pode ser normal, mas a gaze deveria ser retirada até três dias após a cirurgia. O Conselho Regional de Medicina informou que abriu sindicância para apurar a denúncia.