Reciclagem/ Quais são os entraves da coleta seletiva?

Os postos disponibilizados para a separação do lixo não estão sendo utilizados da maneira correta.

Os postos disponibilizados para a separação do lixo não estão sendo utilizados da maneira correta.. | Reprodução
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No início deste mês de junho completou-se um ano desde que a Prefeitura de Teresina disponibilizou os Pontos de Entrega Voluntária (PEV) para coleta seletiva de lixo, mas a proposta ainda não foi plenamente assimilada pela população da capital piauiense.

Prova disso é a situação dos atuais 16 pontos, espalhados por todas as regiões da cidade. O JMN visitou alguns deles, e a constatação é de que muitos encontram-se quase sempre vazios ou com uso incorreto. Na praça do Saci, o abrigo de coleta já não contava mais com o saco destinado a receber o material (plásticos, vidro, papel, etc), e várias sacolas com lixo comum haviam sido depositadas. O PEV da Praça do Tribunal Regional Eleitoral estava praticamente vazio, e o da Ponte Estaiada continha pouco material.

O projeto da disponibilização dos PEVs foi feito através de uma parceria entre a PMT e a empresa Sustentare, que atua na coleta de lixo residencial da cidade. Apesar do baixo uso dos pontos de entrega, o gerente responsável pela filial da Sustentare em Teresina, Fernando Góis, afirma que a empresa recolhe até 25 toneladas de lixo por mês nos PEVs.

?Utilizamos três carros nesse trabalho. Não são utilizados caminhões compactadores comuns, e sim veículos de carroceria, que transportam o material deixado nos pontos de entrega voluntária. Os caminhões fazem a coleta diariamente. Fazemos o remanejo de pontos conforme a necessidade?, disse ele.

Atualmente, os PEVs estão localizados nas seguintes praças: das Palmeiras (no Saci), do Parque Piauí, da Vermelha, Pedro II, São Benedito, da Bandeira, da igreja da Avenida Nossa Senhora de Fátima, da Morada do Sol, dos Correios (Avenida Principal do Dirceu), do Renascença I, do Novo Milênio e em frente ao TRE. O Encontro dos Rios também conta com um ponto de entrega de lixo, assim como o Posto de Saúde do Angelim, a Ponte Estaiada, e o pátio do estacionamento do DNIT, na Avenida João XXIII, zona Leste da cidade.

?Esse trabalho tende a crescer. Para nós, é bastante vantajoso participar da coleta seletiva. Um exemplo disso é a grande quantidade de papelão que é colocada pelas pessoas nos pontos de entrega, sobretudo no centro comercial.

Nos caminhões compactadores, esse material faz muito volume, gerando o que chamamos de ?embuchamento?. Com o volume causado pelo excesso de papelão, a capacidade dos compactadores pode cair de oito para seis toneladas por veículo. Ou seja, o uso dos carros com carroceria ameniza um pouco esse problema?, complementou Góis.

Cooperativa precisa da instalação de equipamentos para funcionar

A Sustentare realiza a entrega do material no aterro sanitário de Teresina, onde os catadores recebem o material e fazem a venda do mesmo para atravessadores. Adicionalmente, os catadores possuem um caminhão, que também faz a coleta de material reciclável em diversos pontos da cidade. O plano é consolidar uma cooperativa de catadores, prevista no projeto DRS Reciclagem, pensado pela Secretaria Municipal de Trabalho, Cidadania e Assistência Social (Semtcas).

No entanto, para que a cooperativa passe a funcionar de fato, é preciso instalar equipamentos para a correta destinação do material. A articuladora do projeto, Simone de Lima, informou que alguns equipamentos já encontram-se disponíveis no aterro sanitário, mas ainda não foram instalados.

?Estamos dependendo apenas da instalação dessas máquinas para começar. Os equipamentos incluem prensa, balança, esteira e outros itens, como carrinhos. Os trabalhadores já foram capacitados e estão prontos. Atualmente contamos com 218 pessoas cadastradas no projeto?, disse Simone. Um dos pontos centrais do projeto DRS é otimizar as vendas, eliminando a figura do atravessador.

População não faz sua parte, diz ambientalista

Dionísio Carvalho Neto vem observando de perto a questão dos resíduos sólidos em Teresina. O ambientalista adverte que falta uma maior participação das pessoas para que o projeto, de fato, engrene. E opina: ?Faz-se necessário uma grande campanha de conscientização, com a distribuição de panfletos nas casas, orientando sobre a importância dessa ação e informando sobre os locais de entrega do material?.

?Coletar é uma coisa, destinar adequadamente é outra. Para realizar um trabalho completo de destinação de resíduos sólidos, precisaríamos de uma central de tratamento enorme. Poderíamos estar empregando várias pessoas com a reciclagem do lixo. Ainda estamos perdendo dinheiro?, finalizou ele, que conhece experiências bem sucedidas em outras localidades.

Vários órgãos públicos e empresas de Teresina disponibilizam os cestos de coleta seletiva, mas a exemplo dos PEVs, eles ainda são pouco ? ou mal ? utilizados pela população.

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