ONU confirma Michelle Bachelet como chefe dos Direitos Humanos

Secretário da ONU diz que o ódio e da desigualdade é desafio

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Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou por aclamação nesta sexta-feira que a chilena Michelle Bachelet será a nova alta comissária de Direitos Humanos da instituição. Hoje com 66 anos, a socialista Bachelet foi torturada por agentes da ditadura de Augusto Pinochet e tornou-se a primeira mulher presidente do Chile, posto que ocupou duas vezes. A partir de 1º de setembro, ela substituirá o príncipe jordaniano Zeid Ra'ad Al Hussein, que em quatro anos no cargo entrou em choque com as principais potências globais, e em especial com os Estados Unidos de Donald Trump.

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, Bachelet assume a pasta com desafios de peso pela frente:

— Ela assumirá o cargo em um momento muito importante para os direitos humanos: o ódio e a desigualdade aumentam. O respeito pelas leis humanitárias e os direitos humanos está diminuindo, assim como o espaço para a sociedade civil. A liberdade de imprensa está sob pressão — afirmou o chefe das Nações Unidas.

Em nome da América Latina e do Caribe, o embaixador argentino na ONU, Martín García Moritán, comemorou a escolha de Bachelet, à qual classificou como "uma mulher altamente competente para este desafiante papel", e destacou "seu compromisso, experiência e paixão".

Filha de um militar que se opôs à derrubada do presidente Salvador Allende em 1973, Bachelet foi presa e torturada em 1975, antes de partir para o exílio na Austrália e, depois, na Alemanha Oriental.

Pediatra de profissão e especialista em saúde pública, Bachelet ocupou os cargos de ministra da Saúde e da Defesa após o retorno da democracia no Chile em 1990, antes de completar dois mandatos como presidente (de 2006 a 2010 e depois de 2014 a 2018). Esteve no cargo até março último, quando, pela segunda vez, entregou o governo ao conservador Sebastián Piñera.

Ela deixou a Presidência do Chile com popularidade em torno de 40%. Durante sua última gestão, implantou um programa que incluiu uma reforma da educação, das leis trabalhistas e tributárias. Mas também enfrentou um escândalo de corrupção, protagonizado por seu filho mais velho e sua nora, condenada recentemente por fraude fiscal. Em agosto, lançou no país a fundação Horizonte Ciudadano, para promover os objetivos de desenvolvimento sustentável fixados pela ONU para 2030.

Entre 2010 e 2013, a chilena também foi a primeira diretora da ONU Mulheres, a agência das Nações Unidas que promove a igualdade de gênero. E, no ano passado, foi nomeada integrante de um grupo de alto escalão para mediação nas Nações Unidas. A equipe aconselha o secretário-geral sobre os esforços de paz da organização.

O jordaniano Zeid decidiu que não disputaria um segundo mandato de quatro anos após perder o apoio de países poderosos. Recentemente, disse que permanecer no posto no atual contexto geopolítico "implicaria implorar de joelhos".

ITAMARATY SAÚDA NOMEAÇÃO

Em nota divulgada pelo Itamaraty, o governo brasileiro saudou a aprovação do nome da ex-presidente chilena pela Assembleia Geral. "O governo brasileiro confia na capacidade de Michelle Bachelet de lidar com os desafios que se apresentam ao sistema internacional de direitos humanos e oferece seu apoio para que cumpra, com êxito, seu mandato como alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos", diz a nota.

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