“O crime foi contra a sociedade”, diz homem que recebeu banana

Gerente de restaurante na Tijuca foi preso por injúria racial

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Os três homens vítimas de injúria racial ocorrida em um restaurante na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, compartilham do mesmo sentimento: indignação. Eles falaram sobre o crime ocorrido na última sexta-feira (20), feriado do Dia da Consciência Negra, quando o gerente do estabelecimento ofereceu uma banana aos rapazes (um motorista e dois entregadores de bebida) dizendo: "Em homenagem ao dia de hoje, uma banana para cada um porque vocês são da mesma raça".

Três dias após o crime, o motorista do caminhão Leonardo Valentim (de vermelho, à esquerda) define seu estado de espírito como uma mistura de sentimentos.

— É difícil de digerir isso. A gente vê acontecendo na TV, com repórter, atriz, jogador de futebol, mas, quando acontece com a gente, é que a gente percebe como é difícil digerir uma situação como essa. Eu estou estarrecido. O crime não foi contra mim, foi contra uma sociedade.

Leonardo Valentim consta no boletim de ocorrência como testemunha, mas ele afirmou que também foi vítima da injúria racial. Segundo ele, o gerente Ascendino Correia Leal também ofereceu lhe uma banana. O motorista avalia que o suspeito agiu de forma premeditada ao surgir com bananas no momento em que os rapazes entregavam bebidas no restaurante Garota da Tijuca. Valentim conta que teve de insistir para que os PMs que atendiam à ocorrência levasse o grupo à delegacia para registro. O suspeito foi preso em flagrante e liberado após pagar R$ 800 de fiança.

William Dias Delfim, de 30 anos, outra vítima da injúria racial, defendeu que todo ser humano, independentemente da cor, seja respeitado. O entregador disse que não aceitaria eventual pedido de desculpas do gerente do restaurante que, segundo a polícia, após o crime disse que estava "fazendo uma brincadeira".

Josias Ribeiro Ferreira (à esquerda), de 35 anos, afirmou que a sociedade brasileira tem de "parar de olhar a pele, a raça, e olhar a pessoa". O crime segue agora para ser analisado na Justiça do Rio e o suspeito pode pegar de um a três anos de reclusão, além do pagamento de multa. Na noite de segunda-feira (23), a direção do restaurante disse, por meio de nota, que suspendeu o gerente suspeito. Além disso, afirmou que não compactua com qualquer “atitude discriminatória” e pretende colaborar com as investigações.

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