O número de pediatras em Teresina é bastante pequeno e segue uma tendência nacional de queda nos próximos anos. Teresina possui, com base no Censo 2010, aproximadamente 120 mil crianças com idade entre zero e nove anos. No entanto, a Fundação Hospitalar de Teresina informou que atuam em seus hospitais hoje apenas 158 pediatras.
No Conselho Regional de Medicina são cadastrados apenas 164 profissionais. Isso corresponde a aproximadamente a um profissional para cada grupo de 760 crianças que usam a rede pública municipal de Teresina. Na Saúde Pública Estadual são apenas 79 pediatras.
O presidente do CRM-PI, Júlio César Ayres Ferreira explica que a área da pediatria faz parte de uma lista maior de áreas da medicina que passou, nos últimos anos, por um processo que ele chamou de involução. ?Com a evolução da medicina e a busca cada vez maior pela especialização, áreas como pediatria e clínica geral foram involuindo.
Os profissionais estão buscando se especializar cada vez mais e essas áreas mais gerais estão sendo deixadas de lado. Com isso, esse profissionais foram menosprezados em termos financeiros, o que tem afastado ainda mais os nossos médicos da pediatria?, explicou.
Essa é uma tendência nacional e o presidente do Conselho afirma que, apesar da situação complicada que Teresina vem vivenciando, a capital piauiense ainda não está entre as piores do Brasil. ?Tem cidades em situação pior que a nossa. Mas aqui já está bastante complicado. Hoje meus netos sofrem para conseguir uma consulta em um pediatra?, afirmou.
Como consequência dessa falta de profissionais no mercado, quem ainda atua na área tem passado por longas jornadas de trabalho e ficado totalmente sobrecarregados para tentar suprir a demanda ou pelo menos deixar a situação menos caótica.
?Os nossos profissionais estão ficando sobrecarregados para poderem tentar suprir a demanda. O que mais preocupa são as escalas de final de semana e os nossos pediatras estão fazendo jornada dupla. Para que eles possam cumprir essa jornada, nós estamos pagando 50% acima do valor dos plantões. Mas infelizmente ainda não é suficiente?, afirmou a diretora assistencial da FHT, Maria de Fátima Carvalho Garcêz.