Uma vida sedentária e uma alimentação desregrada são dois dos fatores responsáveis por levar uma pessoa à obesidade. E pessoas pesando mais do que o recomendado para se ter uma vida saudável é cada vez mais comum, nos dias de hoje. De acordo com dados do Instituto de Geografia e Estatística, o IBGE, quase metade da população brasileira está acima do peso. O percentual passou de 42,7% em 2006, para 48,5% em 2011. No mesmo período, a proporção de obesos subiu de 11,4% para 15,8%.
Os números fazem aumentar também a preocupação dos profissionais de saúde em combatê-la e em prevenir as diversas disfunções causadas pelo excesso de peso. Entre os problemas mais comuns que as pessoas obesas e com sobrepeso enfrentam estão a hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, dislipidemia, artroses, varizes e síndrome metabólica. Problemas sérios que exigem acompanhamento multidisciplinar.
?Nos casos mais moderados, a obesidade é curável e controlável com a mudança do estilo de vida da pessoa, com a adoção de hábitos alimentares saudáveis e com a prática de exercícios físicos?, disse a endocrinologista Lúcia Farias. Segundo ela, cerca de 70% dos problemas de sobrepeso são causados por erro alimentar, oque pode ser corrigido com uma reeducação alimentar e a prática de exercícios físicos.
A obesidade causada por problemas endócrinos corresponde a um percentual de apenas cerca de 5%.
Há inda os casos de obesidade genética, que são aqueles casos de pessoas que já nascem em uma família de obesos. ?Se o pai é obeso, a mãe também, isso mostra que essa família não tem hábitos alimentares adequados, o que muito provavelmente acarretará a obesidade o filho. Nestes casos, a pessoa teve se cuidar para que o sobrepeso não se agrave?, pontuou.
Especialistas alertam ainda para o cuidado com medicamentos ou suplementos alimentares que prometem milagres de emagrecimento. Muitos deles podem não trazer os efeitos esperados ou mesmo que traga, podem acarretar o um emagrecimento ioiô, isto é, todos os quilos que perder vai acabar por adquiri-los rapidamente após deixar a medicação. Por isso, as dietas para emagrecer rápido devem ser feitas tendo em conta o tipo de alimentação e um plano estruturado de exercício físico adequado.
Cirurgia deve ser a última opção
Mas quando os tratamentos não dão resultado, o que resta às pessoas que sofrem com esse problema é recorrer a procedimentos cirúrgicos, como a cirurgia bariátrica. Hoje, muitas pessoas realizam essa cirurgia, depois de ter fracassado em outros métodos de tentativa de emagrecimento. Geralmente isso acontece com pessoas com obesidade mórbida.
Esse foi o caso do securitário, Artur Castelo Branco. Ele conta que já chegou a pesar 150 kg e após todas as tentativas possíveis de emagrecimento não terem trazido resultados, ele optou por realizar o procedimento cirúrgico.
?Desde criança eu sofria com sobrepeso. Eu tentei todos os métodos possíveis, como exercícios físicos, dietas, acompanhamento profissional, mas nada trouxe resultado. E aquele peso estava me incomodando muito,pois o preconceito com pessoas gordas infelizmente ainda existe. Então fiz a cirurgia?, disse.
Hoje, com 85 kg e 1,80 m, ele se diz de bem com a vida e feliz com os resultados obtidos. Sua cirurgia foi realizada há cinco anos e nesse intervalo de tempo ele não teve mais problemas com sobrepeso. Lúcia Farias, no entanto, alerta que a cirurgia não é o único método para se curar uma obesidade mórbida. Ela só deve ser sempre a última opção. O mais aconselhável ainda é a reeducação alimentar, exercícios físicos e o acompanhamento profissional.
?Não é porque a pessoa tem obesidade mórbida que ela precisa fazer cirurgia, já vi pessoas com esse problema que acabaram conseguindo resultado com outros métodos?, comentou.
Piauí vai fazer cirurgia bariátrica
O Piauí ainda não realiza cirurgia bariátrica, pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas já se prepara para que aqueles que necessitam do procedimento cirúrgico não precise sair do estado. O Hospital Getúlio Vargas já está em processo de habilitação, para poder atender esse tipo de pacientes. A expectativa é que ainda esse ano, isso já seja possível.
O Piauí já é habilitado pelo Ministério da Saúde a fazer esse tipo de cirurgia, mas ainda não possui nenhum hospital credenciado. Por causa disso, os pacientes que precisam fazer a cirurgia bariátrica pelo SUS, são encaminhados para o Ceará ou para o Maranhão. Todas as despesas são custeadas pelo SUS, inclusive passagens e hospedagem.
Este ano, três pacientes foram transferidos do Piauí para outro estado para a realização do procedimento cirúrgico.
?O HGV passará a fazer isso, todo o processo já foi agilizado. Não temos uma data certa ainda, pois agora não depende mais de nós, mas deve ser ainda esse ano?, disse a diretora de Controle, Avaliação, Regulação e Auditoria do Estado do Piauí, Patrícia Batista.