No dia do Professor,veja mais sobre o profissional no Piauí

Empenhados em mudar a realidade através da educação, profissionais se dedicam com amor, apesar dos desafios do dia a dia

Antônio Cardoso do Amaral, 33 anos | Reprodução
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Dar base para a formação dos indivíduos. Essa é considerada a principal função dos professores de todo o mundo.

Muitos vão além disso e consideram esse profissional como personagem principal na vida de qualquer pessoa. Então, não é à toa que os educadores têm um dia de homenagem.

Hoje, neste 15 de outubro, exemplos de profissionais empenhados em mudar a realidade através da educação não faltam. Antônio Cardoso do Amaral, 33 anos, é um dos engajados em fazer a diferença.

Ele é considerado o mentor de alunos campeões que saem das escolas Teotônio Ferreira e Augustinho Brandão, ambas escolas do município de Cocal dos Alves, uma cidade piauiense com 5,2 mil habitantes, a maioria da zona rural, e que possui alunos recordistas de medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep).

A história de Antonio Amaral na educação começou há algum tempo. Ser professor, no seu caso, foi uma alternativa sustentável para quem acabara de concluir o ensino médio e precisava urgentemente de um trabalho.

Ele já está com 12 anos na profissão e trabalhou em quase todas as turmas da educação básica, desde alfabetizador de jovens e adultos no Programa Alfabetização Solidário no ano de 2000, alfabetização de crianças em 2001, às turmas de ensino fundamental e médio atualmente.

Muito embora, no início de tudo, tenha se tornado professor devido {a necessidade de dinheiro, hoje o motivo de permanecer na profissão é outro. Além de amar o que faz, o educador possui várias inspirações que fazem dele um profissional de excelência.

Amaral conta que a inspiração de um professor deve estar na esperança de um mundo melhor para todos. ?Na escola temos a oportunidade de nos aproximar dos objetos mais importantes para a mudança de um lugar: os alunos.

Compreender a essência que cerca tudo isso, entender que a educação é a única porta para o bem-estar é um direito do cidadão e um dever do Estado e da família, pode servir de fonte de inspiração para a partir de um trabalho proporcionar mudanças que estão faltando?, coloca.

Para colher bons resultados, claro, é preciso plantar, mas não existe uma maneira específica de exercer a profissão. A dica é que cada situação deve ser trabalhada de acordo com suas particularidades e com o material que se tem.

?Não podemos garantir que os mesmos profissionais que temos no Piauí alcançariam os mesmos êxitos em outro lugar?, explica.

Segundo o professor, a receita para formação de alunos medalhistas tem os ingredientes que são encontrados em muitas escolas do Estado.

Professores presentes, acompanhamento, cobrança, verificação da aprendizagem, através dos instrumentos tradicionais de ensino, são alguns deles.

?Acho que os alunos de uma turma atenta aos ensinamentos, que faz as atividades solicitadas e que o professor exige que isso aconteça, corrige as atividades e elabora suas avaliações dentro do que foi trabalhado e consegue ter aproveitamento é suficiente para grande parte dos resultados como os conseguidos aqui?, frisa.

Dificuldades são enfrentadas diariamente

Embora hoje seja um dia dedicado à comemoração, os professores não esquecem as dificuldades enfrentadas por quem escolhe ser educador. Para a professora Iracema Guimarães, o fato de esse profissional ter uma tripla jornada de trabalho é apenas uma das dificuldades. Ela, por exemplo, trabalha os três turnos e tem que somar salários.

"A falta de vínculo do aluno/família com a escola também dificulta o nosso trabalho", coloca a professora ao destacar que o universo escolar, distanciado da realidade dos alunos, a impulsiona para rever suas concepções pedagógicas, sua gestão de classe e suas metodologias. "Isso tudo com o intuito de resgatar a função da escola:

acolher mais, orientar, e amparar, inclusive, os familiares", completa.

Assim como Iracema, o professor Antonio Amaral relaciona os problemas às condições de trabalho e à falta de valorização da profissão.

Ele conta que é difícil imaginar o professor com mais de 40 h/a por semana conseguir atender igualmente a todos os seus alunos e ainda ter uma dedicação para eventuais qualificações ou mesmo desempenhar atividades sociais na comunidade escolar.

"É preciso entender que o professor necessita de um plano de carreira que o incentive a ter uma dedicação exclusiva para uma escola ou uma comunidade. Isso viabilizaria ainda mais a expansão da escola em tempo integral, que é uma grande alternativa que vem se concretizando", comenta.

Projetos promovem a melhoria da educação

Iracema Guimarães, de 42 anos, conta que sempre teve vocação para lecionar, por isso fez o Curso Pedagógico a nível médio e logo depois se formou no curso de Pedagogia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Atualmente, a pedagoga cursa Matemática pelo PARFOR no Instituto Federal de Educação do Piauí (IFPI).

Ela conta que não existe um método para desenvolver bem o trabalho. "Não existe fórmula, a palavra de ordem é estudar, rever concepções e práticas, intervir nos resultados. Também devemos encontrar prazer no que fazemos, apesar das dificuldades", revela.

A professora leciona há 20 anos. Em um primeiro momento, trabalhava em uma escola particular. Em 1993 fez o concurso para o Estado, e foi trabalhar no Centro de Ensino Fundamental de Tempo Integral (Cefti) Governador Freitas Neto, onde está até hoje. Foi nessa escola que começou a inovar e construir novos saberes.

No Cefti Governador Freitas Neto, Iracema trabalha o projeto "Livro do Ano". "Ele já existe na escola há dois anos, me incorporei a ele no início deste ano letivo, uma vez que participei do seu processo de criação, devido à necessidade de incentivar as práticas de leitura e escrita dos alunos", explica.

Ao final do ano letivo será produzido um "livro" com as produções dos alunos. "Os resultados do projeto me fazem querer fazer sempre mais. Minha inspiração é diretamente proporcional ao desenvolvimento dos meus alunoS", diz a professora.

Desvalorização é um dos maiores problemas

Uma das profissões mais antigas e respeitadas na maioria dos países é a de professor. Esse profissional, que está presente tanto nas grandes cidades, quanto nos pequenos vilarejos, faz parte da vida de quase toda a população.

Escolas, cursos de música e idiomas, graduações e pós-graduações têm o professor como figura indispensável ao processo de ensino-aprendizagem.

Atualmente, com o desenvolvimento e expansão das práticas de ensino, cada vez mais pessoas têm acesso à educação em diversas modalidades, como o Ensino a Distância, Ensino Profissionalizante, Ensino Técnico, entre outros.

De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, mais de 98% dos brasileiros na faixa etária de 7 a 14 anos frequentam a escola.

Segundo estudo realizado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior - ANDIFES, o Brasil tem cerca de 70.710 docentes nos cursos de graduação e tecnologia. Entre os anos de 2007 e 2011, houve um aumento de mais de 25% no número de professores do Ensino Superior.

Assim, cada vez mais, é possível perceber a importância dos docentes na formação dos cidadãos. O jurista Nelson Nery Costa, que é professor do curso de Direito da Universidade Federal do Piauí - UFPI, avalia que apesar dos avanços nessa área, muito ainda precisa ser feito.

"Hoje temos milhões de professores espalhados pelo Brasil vivendo realidades das mais variadas, mas eles têm em comum a desvalorização. É lamentável ver que um país grande e de economia fortalecida como o Brasil ainda não conseguiu o avanço necessário nesse sentido.

Está na hora de o governo federal aumentar sua participação nos investimentos da educação básica", comenta, lembrando que o piso salarial da categoria, em 2013, é de apenas R$ 1.567,00.

Ele diz que as condições adversas com as quais a grande maioria dos professores lidam no dia a dia da profissão só reforçam o tamanho da dedicação que é dispensada por cada um deles à tarefa de transmitir conhecimento.

"O magistério é um ofício feito com amor. Eu gosto muito de ser professor, gosto muito de falar. Dar aula pra mim é um prazer. Uma das decisões mais sérias da minha vida é o magistério. Por um acaso da vida, a primeira aula de fato da UESPI no Campus Pirajá foi dada por mim.

A docência é muito interessante. A troca de conhecimentos, a convivência com os estudantes e o prazer de ajudar os outros são experiências que não têm preço", destaca. Nelson Nery concilia as aulas com a carreira defensor público, advogado, escritor, doutorando e conselheiro do SIEC.

Otimismo - O estudante do curso de licenciatura em Geografia, André Alves, afirma que a profissão de professor ainda é uma boa opção de carreira. "O mercado sempre absorve os bons profissionais e atualmente tem havido muitos concursos públicos para a área de licenciatura.

No entanto, para aproveitar as oportunidades é preciso estar preparado e se atualizar constantemente", relata.

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