A ex-secretária Especial de Políticas para as Mulheres Nilcéa Freire morreu neste sábado (28), aos 67 anos, no Rio de Janeiro. A informação é do diretório fluminense do PT. Médica, professora e pesquisadora, ela foi também reitora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). As informações são do G1.
Na área de políticas públicas para mulheres, Nilcéa atuou em questões como a flexibilização das leis relativas ao aborto, a generalização do serviço disque-denúncia mulher e das delegacias e varas especiais das mulheres para a efetiva aplicação da Lei Maria da Penha.
Com a posse de Lula na presidência da República em janeiro de 2003, foi criada a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), com status de ministério, incorporando o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), até então subordinado ao Ministério da Justiça.
Em 2004, Nilcéia assumiu a chefia dessa secretaria, e foi responsável pela realização da 1ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que teve como um dos resultados o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.
Cotas
Em 1999, Nilcéa venceu as eleições da Uerj, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo de reitora de uma universidade pública no estado.
Durante sua gestão, que foi até dezembro de 2003, Nilcéa implantou o projeto pioneiro de cotas para estudantes de escolas públicas e afrodescendentes na universidade. Em 2012, a política de cotas foi estendida para todas as universidades e institutos de educação federais do país.
Exílio no México
Nilcéa nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 14 de setembro de 1952, filha de Moacyr Freire e de Yolanda da Silva Freire.
Ingressou no curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 1972. Nesse mesmo ano ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB), que se encontrava na ilegalidade, e nele permaneceu até 1979.
Ameaçada pelos órgãos de repressão em virtude de sua atuação contra a ditadura militar, exilou-se no México, onde viveu de 1975 a 1977. De volta ao Brasil, participou dos movimentos pela redemocratização do país e continuou os estudos na Uerj. Formou-se em 1978 e fez residência médica nos dois anos seguintes.
Em 1989, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Repercussão
Na manhã deste domingo (29), amigos e políticos lamentaram a morte de Nilcéa através de redes redes sociais. "Meus sentimentos à família, amigos/as e admiradores/as da nossa grande guerreira Nilcéa Freire, que nos deixou na noite deste sábado. Nilcéa PRESENTE!", disse a ex-ministra Benedita da Silva.
A atriz e produtora Tássia Camargo, também lamentou a morte. "Recebo a triste notícia da morte da grande amiga, mulher guerreira. Agradeço esta querida pelo carinho que sempre teve por mim. Claro, eu por ela. Realizou tantas coisas importantes para as mulheres, para o país. Minha amiga querida, descanse em paz e até".
Nota do Partido dos Trabalhadores:
O Partido dos Trabalhadores do Rio de Janeiro comunica e lamenta o falecimento da companheira Nilceia Freire, ex-Secretária Especial de Políticas para as Mulheres do governo Lula. Nilcéa faleceu esta noite no Rio de Janeiro, onde também atuou como médica, professora, pesquisadora, reitora da Uerj, dentre outras funções que desempenhou ao longo de sua trajetória.
Nilcéa Freire fez do Brasil uma liderança na área de políticas públicas para mulheres, tornando-se referência. Como secretária, realizou a I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que reuniu mais de 120 mil mulheres de todo o país e, em consequência dessa mobilização, publicou, no final de 2004, o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Sob sua condução, foram implementadas as mais relevantes políticas públicas voltadas às mulheres da história do Brasil até o momento.
Mulher de luta pela vida até o fim, Nilcéa Freire deixa uma lacuna na militância feminista brasileira. Deixa plantadas as sementes daquilo que lutamos para ver florecer. Nilcéa Freire, Presente!