Negros são menos tratados e morrem mais cedo de câncer de intestino

Uma pesquisa mostrou que negros têm menos acesso à tratamento, por isso morrem mais

Urologista e professor da Ufpi Gérson Prado diz que raça ou classe econômica não podem determinar quem vive ou morre | Divulgação
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Quando se trata de câncer intestinal (colorretal) metastático avançado, os negros são parte da população que provavelmente menos será encaminha para tratamento adequado, menos provavelmente receberá o melhor tratamento e quase certamente morrerão antes que qualquer outro paciente branco. Os tristes dados são de um estudo apresentado no Simpósio de Câncer Gastrointestinal da American Society of Clinical Oncology (ASCO).

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD) e da Universidade de Stanford analisaram mais de 11 mil pacientes da base de dados do Medicare (Sistema de Saúde Americano) e descobriram que os negros não apenas foram diagnosticados mais tardiamente com a doença (estágio IV), mas foram menos encaminhados ao tratamento adequado e menos receberam cirurgia e radioterapia.

Os negros americanos têm uma probabilidade de cerca de 15% a mais de morrerem mais cedo que qualquer paciente branco nas mesmas condições.

Ainda de acordo com a pesquisa, os negros que tiveram o diagnóstico em tempo adequado e receberam tratamento correto, sobreviveram tanto quanto os pacientes brancos.

Para o médico radiologista e Professor Adjunto da Universidade Federal do Piauí Gérson Prado, a disparidade entre o número de casos de câncer e a sobrevidade de pacientes brancos e negros com câncer colorretal é de longa data sabida, entretanto, a análise dos dados epidemiológicos divulgados revelou que a relação está não na doença em si, mas no acesso dos negros não receberem o tratamento adequado.

Segundo Dr. Prado, os pesquisadores encontraram e confirmaram diferenças relacionadas com a raça na sobrevida dos pacientes com câncer colorretal. Eles identificaram que 11.216 pacientes diagnosticados com câncer estágio IV, dos quais 9935 eram brancos e 181 eram negros, os negros muito provavelmente não eram vistos pelo cirurgião, oncologista clínico ou radioterapeuta. Mesmo quando os pacientes negros eram consultados por um médico, eles provavelmente não eram encaminhados para tratamento adequado.

A pesquisa mostra ainda que a sobrevida não está relacionada com a raça em si, mas com as chances de tratamento. ?Em pleno século 21, não podemos mais aceitar que diferenças de cor, crença, econômicas ou sociais sejam determinantes na escolha de quem irá receber tratamento adequado e de quem irá sobreviver. A Medicina não pode andar de mãos dadas com esses absurdos?, desabafa Dr. Prado.

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