“Não saio”, diz comerciante há 40 horas acorrentado em Santos-SP

Homem afirma que só encerra protesto quando receber dinheiro de dívida. Comerciante está preso em uma grade com a corrente presa no pescoço.

Paulo diz que só sairá quando a moradora do apartamento sair | Carolina Ramires/ G1
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Já se passaram mais de 40 horas desde que o comerciante Paulo Hollender resolveu se acorrentar a um prédio em Santos, no litoral de São Paulo. O protesto, que começou na noite de quinta-feira (24), é pelo pagamento de uma dívida que uma das moradores do prédio tem com o comerciante. Depois de passar a noite inteira tomando chuva, Hollender afirma que só sairá do local quando a dívida for quitada ou quando a moradora abandonar o apartamento.

Diversas pessoas que encontram Hollender acorrentado acabam se sensibilizando com a história. Sem comer direito e sem tomar banho há quase dois dias, o comerciante acaba fazendo as necessidades fisiológicas em um comércio na frente do local ou, quando não há opção, em uma árvore na frente do prédio. "Algumas pessoas trazem algo para eu comer. Muita gente está se sensibilizando com a minha história. A vizinhança tem me ajudado bastante. Minha vida está parada por causa disso. Estou sem trocar de roupa, estou sem tomar o meu remédio para a diabetes", conta.

Hollender afirma que só pretende sair do local quando a dívida for paga ou quando a mulher que ocupa o apartamente atualmente sair do local. "Eu não vou sair enquanto ela não tirar as coisas da minha casa. Só vou tirar as correntes quando o meu imóvel for devolvido. A mulher desapareceu e ninguém sabe o paradeiro dela. Eu não posso invadir o apartamento, só que estou pensando em tentar uma liminar para isso. Quero pagar as dívidas para não perder o imóvel", explica.

O comerciante vendeu o apartamento para a atual proprietária há mais de três anos, mas a mulher, que não foi encontrada pela reportagem do G1, não pagou as parcelas combinadas e, por isso, o contrato deixou de valer. Ela também não pagou o condomínio e, por causa desses problemas, o apartamento pode ser leiloado.

Hollender veio de Jaguariúna, no interior paulista, cobrar a dívida do apartamento que foi vendido em 2010. Segundo ele, o protesto foi a única maneira que encontrou de chamar a atenção para o problema que está passando. A corrente e o cadeado foram comprados já em Santos. Paulo afirma que não possui condições financeiras de contratar um advogado e que ainda paga o aluguel do apartamento onde vive em Jaguariúna. Por isso, o rapaz entrou em desespero, com medo de perder o dinheiro que já investiu e o imóvel de Santos.

O comerciante explica que o contrato de compra e venda do imóvel foi quebrado por falta de pagamento e que, com isso, a moradora perdeu todos os direitos, mas ainda assim, permaneceu no local. As prestações do apartamento, que é financiado, estão sendo pagas por ele, mas o condomínio, que também seria obrigação da mulher, não estão. "Eu quero pagar o condomínio, senão ele vai a leilão, mas para isso ela tem que sair. A minha vontade era fazer Justiça com as próprias mãos, mas se fizesse isso, perderia a razão. Eu tenho todos os documentos que comprovam que estou certo. Minha esposa quer que eu vá embora, mas eu não vou desistir, enfrentei quatro horas de viagem de moto não foi à toa. Agora eu vou até o final, custe o que custar", conclui.

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