Caroline Vieira da Silva, 22 anos, influenciadora digital, decidiu participar de um programa da empresa Tools for Humanity (TFH) que promete pagar R$ 650 em troca do escaneamento da íris do olho para criar uma identidade digital. No entanto, após realizar o procedimento, ela se arrependeu ao perceber as cláusulas, taxas e regras para receber o valor prometido.
“Consegui sacar R$ 196 após 24 horas. Depois dessa parcela, eles podem disponibilizar o resto em até 11 parcelas. Não dá nem R$ 50 por mês”, explicou.
pagamento é feito em criptomoeda
O pagamento é feito em Worldcoins, uma criptomoeda que vale aproximadamente R$ 13 por unidade. Para converter o valor em reais, é cobrada uma taxa de R$ 10 por saque. A empresa afirma que o procedimento é realizado por meio de um dispositivo chamado “Orb”, que coleta os dados biométricos de forma irreversível.
Antes do cadastro, os usuários assistem a um vídeo que garante que os dados não são armazenados, mas apenas usados para confirmar que se trata de um humano. “Eles explicam de uma forma tão tranquila que você nem pensa nas consequências”, relatou Caroline.
Apesar de ter registrado o processo em vídeos que renderam 3 milhões de visualizações, a influenciadora se surpreendeu com a repercussão negativa. “Na minha cabeça, estava fazendo algo que não ia afetar em nada no meu dia a dia”, disse.
Após pesquisar sobre os riscos de compartilhar dados biométricos, Caroline admitiu o arrependimento. “Agora que entendi sobre o que se trata a empresa, acho perigoso sim. Tenho receio do que podem fazer com a minha íris no futuro”, concluiu.
Fiscalização e alertas sobre privacidade
A Tools for Humanity já havia passado pelo Brasil em agosto de 2023, e o número de cadastros biométricos só aumentou desde então. O processo, no entanto, está sob investigação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) desde novembro de 2022, que busca avaliar a segurança da tecnologia utilizada.
O governo brasileiro também alerta sobre os riscos associados ao compartilhamento de dados pessoais, especialmente os biométricos, e recomenda que os cidadãos conheçam seus direitos garantidos pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
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