Na contramão do Nordeste, Piauí reduz número de assassinatos

Números do Piauí são quase a metade dos índices do segundo colocado

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O Piauí foi o estado do Nordeste que mais reduziu o número de assassinatos em 2017, em relação ao ano de 2016. Enquanto a região como um todo registrou um recorde de 17.913 assassinatos no ano passado, contra 15.077 no ano anterior, no Piauí, a redução foi de 705 para 649 mortes violentas.

O dado foi destaque no portal de notícias nacional UOL, que enfatizou o crescimento de crimes violentos letais intencionais (CVLIs) no Nordeste. As mortes não incluem estatísticas dos estados do Maranhão e da Bahia, que não informaram os números à reportagem.

Entre os sete estados em comparação, os números do Piauí são quase a metade dos índices do segundo colocado, Sergipe, que registrou 1.123 CVLIs em 2017. Em seguida no número de mortes, vêm a Paraíba, com 1.284; Alagoas, com 1.913; Rio Grande do Norte, com 2.383; Ceará, 5.134 e Pernambuco, 5.427.

Quando se confere a taxa de homicídio por cada 100 mil habitantes, o Piauí também se destaca de forma positiva. No estado, a taxa em 2017 foi de 20,2 assassinatos a cada 100 mil habitantes, bem abaixo do segundo colocado, a Paraíba, com 31,9 mortes por 100 mil habitantes. Na frente desse ranking, o Rio Grande do Norte, com 67,9 assassinatos por cada 100 mil moradores.

O secretário de Estado da Segurança Pública, Fábio Abreu, atribui o resultado do Piauí ao aumento de investimentos do governo na área de segurança. De 2014 a 2017, por exemplo, a aplicação de recursos passou de R$ 18 reais por habitante para R$ 218. Isso, segundo ele, aliado a decisões estratégicas corretas como a reestruturação das principais unidades policiais do estado.

“Houve estados que aumentaram os investimentos na segurança, mas não reduziram as mortes violentas”, lembra o gestor.

Algumas ações como a compra da folga do policial e a realização de grandes operações, com apreensão de drogas, foram fundamentais para a redução das mortes violentas. Abreu ressalta ainda que, diferente de vários estados brasileiros, não há nenhuma facção criminosa dominando o Piauí.

O comandante da Polícia Militar do Piauí, coronel Carlos Augusto de Sousa, conta que assumiu a chefia da PM com o desafio de estancar o crescimento, desde 2010, do número de mortes por conta da violência no estado.

“Em 2014, ano seguinte ao assumirmos, foi o ápice de mortes violentas, com mais do que o dobro de CVLIs em relação a 2010. Mas, já no nosso primeiro ano (2015), não só estancamos o crescimento com o reduzimos”, comemora o comandante.

Qualificação e integração

Carlos Augusto frisa que a entrada de novos PMs e a qualificação deles foram imprescindíveis para a redução da violência.

“De 2015 até agora, mais de 700 pessoas ingressaram na PM, e atualmente temos 352 em formação, para irem para as ruas em julho deste ano”, afirma o coronel. Os novos policiais militares ocuparam espaços em municípios onde havia carência de segurança pública, como Uruçuí, Paulistana e Corrente, localizados na região sul do Piauí e que fazem divisa com outros estados.

Tanto Fábio Abreu como Carlos Augusto ressaltam a capacitação como forma de melhor preparar a PM.

“Dos atuais 6 mil PMs em atividade no Piauí, mais de 4 mil fizeram algum curso de qualificação nos últimos três anos”, diz o comandante da PM.

A integração entre as polícias de um modo geral, com a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal também ajudou na melhoria dos números. E, ao que tudo indica, 2018 será um ano com mais redução de homicídios. No mês de janeiro deste ano, foram registradas 45 mortes violentas, contra 51 no mesmo mês de 2017, 58 em 2016 e 48 em 2015.

Abreu acredita que, até o fim deste ano, é possível chegar próximo ao número considerado tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de dez mortes por 100 mil habitantes.

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