Municípios do Piauí avançam até 799% com força da energia renovável

No caso dos municípios que mais se destacaram no crescimento, o incremento se deu devido a instalação de indústria ou parques para a geração de energia eólica, contribuindo para a redução das mazelas sociais, cunhadas na desigualdade latente do país

Energia | Reprodução
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Pautar o desenvolvimento do Piauí nos últimos anos sem citar a expansão energética é impossível. Essa predominância se traduz em números, que explicam o crescimento exponencial do Estado nos mais distintos âmbitos, contribuindo para a redução das mazelas sociais, cunhadas na desigualdade latente do nosso país.

Indústrias e parques de energia eólica impulsionaram desenvolvimento do Piauí - Fotos: Efrém Ribeiros

Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) catalogados no final do ano passado, indicam que Curral Novo do Piauí e Simões tiveram o primeiro e o terceiro maior aumento do Produto Interno Bruto (PIB) entre todos os municípios brasileiros em 2017. O avanço nestas cidades foi de 799,81% e 305,63%, respectivamente.

Segundo o IBGE, 90% dos municípios do Piauí apresentaram crescimento no PIB em 2017, o que representa 202 municípios, ou seja, apenas 22 não tiveram crescimento. No caso dos municípios que mais se destacaram no crescimento, o incremento se deu devido a instalação de indústria ou parques para a geração de energia eólica.

 PIB eleva participação em mais de 38%.

Em 198 anos, o Piauí vem quebrando o estigma do subdesenvolvimento, avançando acima da média nacional nos mais distintos espectros econômicos. Outrora esquecido, com cenas corriqueiras de miséria, vulnerabilidade, o Estado parte em rumo ao crescimento, num horizonte de esperança.

Tal transformação é traduzida em números, linhas sinuosas de desenvolvimento, que acalantam e trazem um novo panorama. A publicação "Piauí: trajetória e transição econômica", construída pelos pesquisadores Márcio Pochmann e Alexandre Guerra, revela que o Piauí apresentou 'significativo progresso registrado no interior de sua estrutura produtiva e padrão de inclusão social'.

O livro revela que no atual século, o Estado foi o que mais cresceu na região Nordeste, sendo que a elevação na participação relativa do PIB nacional entre 1985 e 2016 foi de 38,6% , de modo que a maior expansão (29,4%) foi observada entre os anos de 1995 e 2016. Além disso, a publicação sintetiza que no período de 2002 e 2016, por exemplo, o Produto Interno Bruto do estado do Piauí acumulou expansão de 72,7%, o que equivale ao crescimento médio de 4% ao ano, ao passo que o Brasil registrou expansão de 40,6% (2,5% ao ano, em média).

A transição econômica do Piauí não é concentrada, ou seja, os avanços são sentidos por todos os nichos, com o avanço na qualidade de vida da população, reduzindo consequentemente as desigualdades. O pesquisador Márcio Pochmann, doutor em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (SP), aponta que o Piauí tem provado para o Brasil que é possível avançar, mesmo sem uma indústria fortalecida.

"A indústria ela é a coluna vertebral do desenvolvimento, e a concepção que se tinha era de que no caso de um país todos os seus Estados, todas as suas regiões precisariam ser industrializadas, isso criou na verdade um sentido de Governo que basicamente passaram por copiar a experiência do  Estado mais industrializado, bem o estudo mostra que há uma perspectiva diferente, não é obrigatório todos os Estados se industrializarem para depois alcançar a fase dos serviços, a fase pós-industrial, o que nós estamos mostrando é que é possível uma região, um Estado sem passar pela industrialização transitar do seu passado agrário para o passado pós-industrial", disse.

Na descrição por setores econômicos, o livro destaca que o principal estímulo ao crescimento da participação relativa do estado do Piauí no PIB nacional deveu-se a expansão acumulada de 133,2% no produto industrial, seguido de 51,8% no setor de serviços e de 0,4% na produção agropecuária. Com isso, também se verifica a variação acumulada do PIB per capita desde a estabilidade monetária alcançada pelo Plano Real, em 1994, que chegou a 31% em 2014, tendo recuado, contudo, para 21,1% frente à recessão econômica nacional transcorrida entre 2015 e 2016. (F.T)

Piauí avança até 799% do PIB cp, emergia renovável 

Estado acumula alta de R$ 30 bilhões nas riquezas.

A publicação ainda dá uma dimensão real do crescimento socioeconômico do Piauí ao detalhar o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado em termos nominais. No período analisado (2002 a 2014) o incremento foi de R$ 30 bilhões.

De acordo com o documento, o PIB do Piauí passou de R$ 7,1 bilhões para R$ 37,7 bilhões em igual período. A pesquisa faz um recorte do desenvolvimento por território no Piauí. Assim, no período analisado no livro, o território de desenvolvimento Entre Rios foi o principal concentrador econômico do Piauí, sua participação representou mais da metade de toda a riqueza.

Os autores explicaram que o índice se deve pela capital Teresina concentrar 46% do PIB estadual e 26,4% da população do estado. Mesmo com esse demonstrativo, a alta no PIB do território Entre Rios teve média anual de 4,9%, ou seja, abaixo da média estadual de 5,3%. (F.T)

62 municípios tiveram crescimento acima de 5,5%

Os territórios de desenvolvimento menos representativos, como Tabuleiros do Alto Parnaíba e Chapada das Mangabeiras, obtiveram crescimento médio anual real do PIB de 10,9% e 8,1% no período 2002-2014, respectivamente. "Esses dois territórios juntos tiveram níveis de crescimento econômico superiores ao da China, bem como assistiram sua participação no PIB do estado aumentar de 7,3% para quase 12%, em igual período. Esses territórios eram em sua maioria compostos de municípios de base agrária, tendo como predominância o setor agropecuário", destacam os pesquisadores.

Sob esse prisma observaram que 27,9% das cidades piauienses (62 municípios) apresentaram crescimento superior a 5,5% entre 2002 e 2014. Pouco mais de 67% dos municípios localizados no território de desenvolvimento de Tabuleiros do Alto Parnaíba se enquadraram na faixa acima de 5,5% de crescimento do PIB.

Em seguida, os territórios de desenvolvimento de Chapada de Mangabeiras e Chapada Vale Rio Itaim se destacaram por terem 50% e 43,8% dos seus municípios com crescimento maior que 5% do PIB, respectivamente. Os demais territórios de desenvolvimento obtiveram menos de 31% de seus municípios com crescimento acima de 5% no período 2002-2014. (F.T)

IDH tem a 3ª maior alta do país.

Com o avanço financeiro, outros sinais também foram reconhecidos no nosso Estado. O crescimento socioeconômico piauiense é balizado pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mensura a melhoria na qualidade de vida da população. Neste aspecto, o Estado foi o terceiro do país em elevação: 86,5% entre 1991 e 2015. Em relação à evolução do Índice de Desenvolvimento Humano, o Piauí ficou atrás apenas do Tocantins, que  cresceu acumuladamente 98,4% e do Maranhão (com 89,6%). O IDH do Piauí passou de 0,36 para 0,68.

Assim, o livro organizado por Pochmann e Guerra, com dados oficiais, revela que da mesma forma, constata-se como o grau de desigualdade medido pelo Índice Gini apontou redução em 16% entre os anos de 1995 e 2014, pois decaiu de 0,59 para 0,49 no período no Piauí. No caso da proporção de domicílios pobres, a queda acumulada de 74% foi ainda mais intensa, pois decaiu de 59,9%, em 1995, para 15,6%, em 2017.

Os bons resultados da economia piauiense ainda podem ser vislumbrados pelo boom educacional. Para se ter uma ideia, o Índice de Desenvolvimento Humano da Educação apresentou alta acumulada de 272,6% no Piauí e foi a principal razão para o salto no indicativo geral. Fora tal demonstrativo, o IDH renda cresceu 33,2% e o IDH longevidade aumentou 28,6% entre os anos de 1991 e 2015.

Assim, a evolução na educação piauiense passa por exemplo, pela participação relativa do Piauí no total das matrículas do Ensino Superior no país, que saltou de 1,1% para 1,6%, com avanço acumulado de 45,4%. (F.T)

Plano Plurianual prevê IDH alto até 2023

No Plano Plurianual iniciado em 2020, e que segue até 2023, a principal meta é que o Piauí atinja o patamar de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) alto, ou seja, média no mínimo em 0,8; atualmente está na faixa de 0,71.

Na ocasião da apresentação do PPA, o governador Wellington Dias (PT) citou o objetivo do plano em promover o desenvolvimento socioeconômico, elevar o Produto Interno Bruto e manter o equilíbrio econômico local, conciliando com investimentos. Nisso, norteou os desafios oriundos da crise financeira nacional. “Não é fácil se planejar no Piauí e no Brasil, tendo em vista a conjuntura complexa que temos, mas estamos trabalhando numa perspectiva de um plano bem elaborado. Estamos inovando para ter o orçamento anual mais próximo possível da realidade. Trabalharemos com a projeção de cada despesa e receita, com plano de investimentos, baseados no que fazer para se ter melhor qualidade de vida, mais infraestrutura, para garantir o crescimento da economia, para reduzir mortalidade infantil e acidentes de trânsito, para melhorar os serviços.  Atuaremos para que tudo isso seja concretizado, o que colocará o Piauí em outro patamar”, frisou à época.

O plano é baseado em uma nova metodologia de resultado, com um acompanhamento de todos os indicadores que impactam no IDH do estado. O PPA está linkado com os ODS e aponta para que em 2023 o Piauí esteja mais desenvolvido e incluído do ponto de vista ambiental, no combate às desigualdades e na redução da pobreza.

O Plano Plurianual é a base para o Orçamento do Estado e nele são estabelecidas as diretrizes, objetivos e metas a serem seguidas pelos gestores por um período de quatro anos. O PPA 2020-2023 foi elaborado pela Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan), em parceria com a empresa Macroplan, consultoria contratada pelo Governo do Estado para ajustar a nova metodologia de gestão orientada para resultados. (F.T)

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