O Brasil é um dos campeões mundiais em cirurgia plástica, e os cirurgiões do Ceará estão entre os mais procurados por pacientes. É no estado que pelo menos dez mulheres decidiram buscar a polícia para denunciar um médico.
Eles escolheram o doutor Dalvo Neto para realizar um sonho. Cirurgião plástico há mais de dez anos, Dalvo atende em um consultório de um bairro de classe média alta em Fortaleza.
O Ceará é referência há anos pelos bons profissionais, mas as pacientes que procuraram o doutor Dalvo dizem que a escolha foi, principalmente, por causa da divulgação que ele faz do próprio trabalho nas redes sociais — uma delas com mais de 500 mil seguidores.
De famoso na internet, Dr. Dalvo, de 43 anos, agora é alvo de um inquérito por lesão corporal que reúne denúncias de pelo menos 10 mulheres. Elas dizem ter sofrido complicações e sequelas depois que foram operadas por ele.
“Uma semana depois da minha cirurgia, o meu peito do lado direito ele começou a necrosar. E eu entrei em contato com ele e ele disse que era coisa do meu organismo, mas que ia ficar tudo bem e que eu era um caso único", relata Adrissia Cristina Cavalcante Soares, representante comercial.
"Que era uma prótese nova e que eu tinha que insistir e isso era normal e que ia passar. Até que passou em janeiro , o peito foi e rompeu”, conta Jeordana Cordeiro, dentista.
Jeordana se submeteu ainda a uma cirurgia para a retirada de gordura dos braços: “Eu não uso mais blusa de manga ou de alça, entendeu? Por causa disso”.
O médico Dalvo Neto nega as acusações: “Eu tenho mais de 3 mil cirurgias plásticas realizadas e um alto índice de satisfação. Eu não posso chegar para ela e dizer: ‘Olha, está tudo errado, está dando tudo de maneira inadequada’, para que ela, de alguma forma psicologicamente, trabalhe contra ela”.
Algumas pacientes conseguiram pareceres de médicos peritos para entrarem com ações de indenização na Justiça. Também fizeram denúncias ao Conselho Regional de Medicina.
“O suspeito vai ser ouvido, vai prestar o interrogatório dele aqui na delegacia. Também vamos dar um prazo para que outras vítimas apareçam e queiram prestar aqui a declaração”, afirma Anna Victoria, delegada.