Centenas de mulheres convocaram manifestações para este domingo (13) em várias cidades da Itália e do exterior para, segundo os organizadores da mobilização, protestar contra a imagem "lesiva" que o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, produz para a população feminina.
Convocadas pelo movimento "Se não agora, quando?", surgido na internet com o apoio de grupos feministas, são esperadas neste domingo manifestações em massa em cerca de cem cidades italianas, além de outras no exterior, como Madri, Barcelona, Paris, Nova York e Tóquio.
Essa iniciativa, na qual também se pede a participação dos homens, surge de um movimento popular espontâneo que apareceu na web e que pretende se desvincular de qualquer tipo de ideologia política, ainda que em alguns desses protestos esteja prevista a presença de destacados membros da oposição, como Antonio di Pietro, líder do partido Itália dos Valores (IDV).
As maiores manifestações estão previstas para acontecer em Roma, onde a concentração ocorrerá na praça do Povo a partir das 14h locais (11h de Brasília). Em Milão (norte), a convocação é às 14h30 locais (11h30 de Brasília).
Os protestos ocorrem diante da repercussão internacional do caso Ruby, escândalo sexual que envolve Berlusconi. O escândalo se refere à garota marroquina Karima El Mahroug, conhecida como Ruby, que teria praticado serviços sexuais durante festas de Berlusconi quando ainda era menor de idade. O próprio primeiro-ministro teria remunerado a garota por isso.
"Na Itália, a maioria das mulheres trabalha, fora ou dentro de casa, gera riqueza, procura um trabalho, estuda, se sacrifica para se garantir na profissão que escolheu, cuida das relações afetivas e familiares, ocupando-se de filhos, maridos e pais idosos", diz a convocação dos protestos.
"Esta rica e variada experiência de vida fica suprimida por uma repetida, indecente e ostentosa representação das mulheres como objeto nu de troca sexual (...). O modelo de relação entre homens e mulheres, ostentado por um dos altos funcionários do Estado, incide profundamente no estilo de vida e na cultura nacional, legitimando comportamentos lesivos à dignidade das mulheres e das instituições", acrescenta a nota.
Dada a diferença de horários, manifestantes já protestam em Tóquio, e a imprensa italiana informa do êxito da concentração em frente ao Instituto Italiano de Cultura da capital japonesa, onde uma centena de manifestantes pediu a renúncia de Berlusconi e defendeu a dignidade das mulheres.