Aumenta número de mulheres envolvidas com as drogas

O problema das drogas chegou a muitos lares em Teresina.

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Jéssica Silva tinha 12 anos quando a mãe Maria de Fátima Silva descobriu que a adolescente usava drogas. Para toda a família um choque. ?Eu não sabia. Descobrimos quando um dia minha cunhada a encontrou como se estivesse em coma e levou para o pronto-socorro. Levamos para o médico, pensávamos que ela tinha tomado remédio em excesso. Dessa vez ninguém desconfiou, mas aconteceu de novo. Quando chegamos no hospital o médico que atendeu disse que ela estava drogada. Foi um susto muito grande, nunca imaginei?, conta a mãe.

Desde então, aconteceu uma reviravolta na família. Jéssica fugiu de casa, o que deixou todos muito abalados. Maria de Fátima diz que deu a mesma educação a seus quatro filhos, mas não entende o porquê da mais nova ter entrado para o mundo das drogas. ?Eu tenho quatro filhos, todas as três casadas e formadas. Só quem não quis nada foi a Jéssica. E a educação para ela foi ainda melhor que as outras. Só ela era pequena e as outras todas grandes?, conta a mãe.

Hoje Jéssica tem 20 anos, é mãe de uma menina de 2 e ainda vive no mundo das drogas. Segundo a mãe, começou com maconha e loló com as companhias do colégio, depois conheceu um rapaz, que ela alega que a tenha viciado no crack. ?Ela já fugiu muitas vezes. A última vez ela escreveu um bilhete em que dizia: ?Mamãe, não me procure mais. Se gostar eu fico, se não gostar eu volto?. E nunca mais voltou. Ela aparece quando está quase para morrer. A gente interna, mas quando sai, volta de novo para esse mundo?, lembra.

Ao longo de oito anos, muitas decepções. Jéssica chegou a roubar as coisas de casa para comprar droga e como consequência das preocupações, Maria de Fátima vive com problemas de saúde. Hoje, a pequena vive com a avó e segundo Maria de Fátima, tem medo da mãe.

?A minha maior felicidade seria que ela pudesse se recuperar. A qualquer hora a gente pode esperar: morreu, mataram. E eu não sei mais o que eu faço. Eu já andei em tanto lugar com ela, CAPS, Hospital do Mocambinho, em todo lugar tem o seu nome. Fui na Fazenda da Paz, mas lá é só atendimento masculino. A última vez que ela se internou foi agora em março e na Semana Santa foi embora de novo. Até hoje ela anda por aí. Meu maior desejo é vê-la recuperada para poder cuidar da filha dela e ter uma vida melhor?, lamenta Maria de Fátima.

Aumenta número de mulheres envolvidas com drogas

O número de mulheres envolvidas com as drogas é cada vez maior em Teresina. Sinal disso é refletido na procura por centros de tratamento. De acordo com o coordenador geral da Fazenda da Paz, Célio Luiz Barbosa, a procura por internações de mulheres tem sido muito grande na instituição, embora o tratamento no local seja apenas para homens.

Os trabalhos da Fazenda da Paz no tocante ao tratamento de pessoas com alguma dependência química tem se mostrado bastante efetivo. Ao longo de seus 18 anos de existência, já atendeu 12.600 homens, numa média semanal de cerca de 150 pessoas de todas as idades.

A construção de um centro de tratamento para mulheres em Teresina é uma necessidade e tem tido uma mobilização intensa na capital para a obra. ?Até agora já conseguimos R$ 600 mil. Temos o projeto e a expectativa é que a até dezembro a gente já levante todos esses recursos para poder construir a rede feminina?, conta Célio Barbosa.

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