O preconceito em relação à capacidade da mulher ainda permeia a sociedade. Não é incomum as mulheres ouvirem mensagens como “Não é coisa de mulher” e “Isso é trabalho para homem”. Essas são algumas das expressões que acompanham as demais atitudes machistas que muitas mulheres lidam dentro do ambiente de trabalho. É um fato que a competência da mulher é incoerentemente posta em dúvida quando ela exerce uma profissão que é, em sua maioria, ocupada por homens.
A engenheira civil, Andressa Kalyne, tem 24 anos e cursa pós-graduação em Engenharia Diagnóstica. Andressa relata que já passou por situações de discriminação por ser mulher. Sempre ligada aos cálculos e demais disciplinas na área de exatas, a engenheira relata suas vivências.
Andressa Kalyne, 24 anos| Crédito: Gabriel Paulino
“Começou já na procura do meu primeiro estágio. Eles selecionavam os engenheiros empresários. Quando escolhiam o meu currículo, na entrevista eles ficavam meio que duvidando da minha capacidade técnica e até mesmo lançando piadas sobre a minha carteira de habilitação na categoria A e B, questionando a minha capacidade de conduzir veículos”, explica.
Mesmo se identificando com a área e em meio às dificuldades com as disciplinas iniciais no curso, Andressa não desistiu e correu atrás de mais meios que possibilitavam sua inserção no campo, mas logo ela vivenciou novamente a exclusão da mulher na Engenharia Civil.
“Em um dos trabalhos de inspeção, eu tinha que entrar em um ambiente que, segundo eles, tinha um certo grau de risco e não me autorizaram. Porém, o engenheiro homem poderia entrar no local para realizar o trabalho. Foi alegada a questão da segurança, ao passo que eu enquanto mulher não poderia, mas o homem sim”, expressa.
“Eu não era selecionada para trabalhar em canteiros de obras justamente por esse ‘impasse’. Além disso, sou mãe, e isso também não é bem visto no mercado de trabalho”, relata.
Em meio aos empecilhos postos à frente da engenheira, ela não desistiu e conseguiu estágios em escritórios e experiência com projetos. ”Agora, que eu iniciei minha pós-graduação, estou trabalhando na área e me identifico mais ainda com o campo da engenharia. Encontrei nessa profissão a forma de me realizar, porque é algo mais dinâmico e repleto de desafios”, conta.
A maior dificuldade é chegar ao mercado de trabalho e alcançar cargos de chefia, conta Andressa. Ela informa que conhece mulheres que atuam em importantes funções dentro de empresas onde homens possuem salários mais valorizados, mesmo atuando na mesma função, o que constitui o cenário de desigualdade salarial devido ao gênero.
Mulher no futebol
Vanessa da Silva Cantuário é jogadora de futebol. Desde muito cedo, ela enfrentou dificuldades para seguir a profissão que tanto sonhou. "Decidi ser jogadora de futebol, até por que eu sonhei muito com isso. Desde criança eu e minha irmã jogávamos futebol. Mas aí veio o preconceito. No entanto, foi rápido porque logo me chamaram para um time profissional e eu pude mostrar minha competência", falou.