Há 32 anos, a aposentada Ana Lúcia Guimarães, de 54, convive com uma agulha cirúrgica atravessada na garganta. Moradora de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, ela diz que o objeto foi esquecido por médico que a operou para extração das amídalas e, só agora, exame de raios X revelou a presença do material.
Ana Lúcia, que complementa a renda de aposentada vendendo angu à baiana na rua, mudou o timbre de voz e sofre com dores ao se alimentar. ?Nem meus próprios quitutes posso comer?, lamenta.
Ela diz que a cirurgia foi feita na Clínica Pires de Mello, no Fonseca, Zona Norte de Niterói, pelo médico Luiz Rogério Pires de Mello. Apresentando fortes dores do lado esquerdo do corpo e na cabeça, além de crises nervosas, ela diz ter feito diversos exames e que se consultou com mais de vinte especialistas, incluindo psiquiatras que a prescreveram remédios controlados.
Porém, nenhum deles conseguiu diagnosticar o real problema. ?Os médicos só ficavam me passando medicamentos. Quantos anos eu tomei tudo aquilo sem necessidade!?,.
O corpo estranho só foi descoberto no final do ano passado, quando a aposentada procurou um posto de saúde e fez o raios X da face, que surpreendeu até o radiologista. Ela lembra que o profissional chegou a indagar que não sabia como ela não não havia morrido.
No mesmo dia, Ana Lúcia procurou o médico que a operou numa clínica particular, e este a encaminhou a dois profissionais que se negaram a fazer o procedimento, por conta dos riscos.
?É revoltante ter passado por todos esses problemas por causa de uma agulha. Pior ainda a forma como ele me tratou ao não querer consertar o erro?.
Ana tem cirurgia no dia 18 no Hospital Pedro Ernesto, para retirada da agulha.