A autônoma Léia Silva da Conceição, de 41 anos, conseguiu nesta quarta-feira (14) duas passagens aéreas para iniciar o tratamento contra um câncer de pele em um hospital fora do Amapá. Ela vai viajar para Belém, no Pará, no dia 20 de janeiro. No mesmo dia iniciará um processo de radioterapia. Léia perdeu em seis meses a boca, o nariz e o olho direito, segundo a família, aguardando por passagens aéreas do governo do Amapá para fazer o tratamento contra a doença em outro estado.
O benefício para a autônoma viajar foi concedido através do Programa de Tratamento Fora do Domicílio (TFD), do governo do Amapá. O deslocamento é necessário por causa da inexistência dos serviços de radioterapia e quimioterapia na rede pública amapaense.
O governo do Amapá informou que as passagens aéreas não haviam sido concedidas anteriormente porque o contrato com a agência de viagens responsável por emitir os bilhetes havia encerrado. O TFD calcula que somente no fim de 2014 mais de cem pacientes perderam consultas e cirurgias fora do estado por causa de problemas com passagens aéreas. "Conseguimos uma vaga para ela em novembro [de 2014], mas essa data culminou com a falta de passagens", reforçou a gerente do TFD Márcia Rodrigues.
A viagem da autônoma está marcada para 20 de janeiro, horas antes da consulta marcada no Hospital Ophir Loyola, em Belém. A autônoma vai acompanhada pelo marido, o auxiliar de serviços gerais Benedito Pereira, de 47 anos. Ele disse que abriu mão do emprego para cuidar da mulher. "Atualmente estou desempregado porque ela necessita de cuidados especiais. Vamos para Belém e devemos voltar somente quando o estado de saúde dela estiver melhor", falou Benedito.
A casa de apoio a doentes com câncer no Amapá Instituto Joel Magalhães (Ijoma) informou que vai tentar encaminhar Léia a um hospital especializado em reconstituição de rostos em São Paulo.
Câncer
O drama da autônoma Léia da Conceição começou depois do aparecimento de dores no nariz provocadas inicialmente por uma sinusite. Após exames mais aprofundados, a paciente foi diagnosticada com câncer de pele, em 2014. A família diz que uma cirurgia naquela época seria a solução para a doença, mas a demora na emissão de passagens aéreas pelo governo do Amapá para tratamento da paciente em outro estado teria agravado o problema, resultando na perda da boca, nariz e o olho direito.
Sem dinheiro para a viagem, a autônoma aguardava pelo benefício do TFD. A demora na liberação das passagens resultou na mutilação da paciente, afirma a família.
A primeira cirurgia no rosto da mulher aconteceu em agosto de 2014 e retirou o céu da boca e a cartilagem do nariz da paciente. A segunda ocorreu em dezembro do mesmo ano. Na ocasião, o olho direito da autônoma foi retirado. A família teme que o câncer atinja outras partes do rosto de Léia.
A família conta que todos na casa voltaram as atenções para a autônoma, que necessita de cuidados especiais por causa da perda da fala como resultado da retirada da boca. A mulher se comunica por gestos. A família diz que apesar do sofrimento, ainda é possível ouvi-la sorrir.
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