Foi através de uma ligação da delegada Ana Elisa Gomes que a operadora de caixa Mara Rúbia Guimarães, de 27 anos, ficou sabendo da prisão do ex-marido. O homem, de 30 anos, é suspeito de ter torturado e perfurado os olhos da dela com uma faca de mesa, quando ela chegava em casa para almoçar. Aliviada após a detenção, ela quer que ele pague pelo que fez: "não perdoo o que ele fez comigo", disse Mara Rúbia.
O suspeito foi encontrado na noite de quinta-feira (19), em Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. Um dia depois, foi apresentado pela polícia na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), em Goiânia.
A mulher foi agredida pelo ex-companheiro no dia 29 de agosto, na casa onde morava, em Goiânia. Apesar de estar mais tranquila com a prisão, a operadora de caixa ainda não se sente completamente segura. "Tinha muito medo dele voltar. E o medo de que talvez ele não fique preso continua", salienta. O homem está detido temporariamente por 30 dias, que podem ser prorrogados por mais 30, enquanto o inquérito não é concluído.
A delegada Ana Elisa Gomes, responsável pelo caso, disse que o suspeito confessou as agressões e que agiu porque a mulher não quis reatar o relacionamento com ele, terminado há dois anos. Ele também afirmou que não queria ter matado a ex-mulher, mas Mara Rúbia não acredita na versão.
"Pela crueldade que ele agiu, me amarrando e perfurando os meus olhos, não tenho dúvida de que ele queria me matar. Acho até que ele pensou que eu já estava morta quando fugiu da minha casa. Ele judiou de mim, me pegou de surpresa e disse que queria me matar", relembra.
Tratamento
Mara Rúbia já passou por duas cirurgias e um terceiro procedimento está marcado para daqui a duas semanas. Ela conta que tem ido frequentemente a Fundação Banco de Olhos de Goiás, onde faz o tratamento. Apesar de otimista, ela sabe que sua situação é complicada.
"Estou animada pelo tratamento, os médicos me dão força, mas sei que meu caso é complicado. Não enxergo nada do olho direito, e do esquerdo apenas 25%. Eles tentaram reconstruir meus olhos para quem sabe, futuramente, minha visão possa aumentar usando óculos com lentes mais fortes", explica.
O único problema é que a mulher tem chorado muito ultimamente. E não é pelos momentos que passou, mas sim por conta do filho. Ela e a avó paterna do garoto, de 7 anos, travam na Justiça uma batalha pela guarda da criança.
"Sempre que penso no meu filho, começo a chorar. Isso atrapalha a minha recuperação, porque incha bastante. Mas tenho certeza que em breve terei ele aqui comigo", estima.
Prisão
Após 21 dias foragido, o homem de 30 anos que torturou e perfurou os olhos da ex-mulher se entregou à Polícia Civil na noite de quinta-feira (19). Segundo a delegada responsável pelo caso, Ana Elisa Gomes, ele confessou ter cometido o crime depois de a vítima se recusar a reatar o casamento.
De acordo com a polícia, ele estava escondido em uma fazenda em Águas Lindas de Goiás, município goiano do Entorno do Distrito Federal. Na segunda-feira (16), o homem foi localizado e houve uma intensa perseguição policial, mas o autor entrou em uma mata e fugiu.
Para a delegada, ele se assustou com a perseguição. ?Ele achava que estava seguro e bem escondido nessa fazenda e percebeu que não tinha mais para onde fugir. Vendo que não tinha alternativa resolveu se entregar?, afirma.
Conforme a Polícia Civil, após a conclusão do inquérito o homem será indiciado por tentativa de homicídio triplamente qualificado porque, para polícia, o crime teve motivo fútil, foi cruel e o autor usou de tortura e retirou qualquer possibilidade de defesa da vítima. Ele também deve responder pelo crime de roubo, pois levou o celular da mulher após tentar matá-la.
Agressões
De acordo com os familiares, o casal se separou há dois anos. Desde então, a mulher, que morava em Corumbá de Goiás, se mudou para a capital. Esta não seria a primeira vez que o homem agrediu a ex-mulher, pois não aceitava o fim do relacionamento.
Ela informou, em entrevista à TV Anhanguera, que procurou a polícia por quatro vezes para denunciar o agressor, mas que não obteve ajuda. ?Ouvi de uma delegada que as coisas não são tão fáceis assim. Não é apenas chegar e falar. Mas foi. Ele me cegou e agora vou viver o resto da minha vida na escuridão?, lamentou.