Uma mulher decidiu doar a córnea após ter o olho direito arrancado pelo filho de 19 anos. O caso ocorreu em Londrina, no norte do Paraná. Segundo Maria de Lourdes Dechechi, de 47 anos, o rapaz tem um tipo raro de autismo e sofreu um surto psicótico. Durante a agressão, conta a mãe, o rapaz arrancou o olho dela com o dedo. ?Eu fiz o jantar, fui até o quarto e acabei trancando a porta, o que raramente faço. Ele bateu na porta e, depois que abri, já começou a me agredir. Ele conseguiu enfiar o dedo por trás da lente dos óculos e puxou meu olho?, contou a dona de casa. O caso aconteceu no dia 2 de dezembro e o transplante foi realizado em 5 de dezembro.
Maria de Lourdes ficou inconsciente e foi atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ela foi encaminhada para o Hospital Universitário.
Ao saber que o olho não poderia ser reimplantado, a dona de casa optou pela doação. ?Eles falaram que estava intacto. Então eu perguntei: "se não dá mais para implantar em mim, dá para implantar em outro?"?, disse.
Com a autorização dela e dos familiares, a doação foi possível. As córneas foram implantadas em outra pessoa, que não teve a identidade divulgada. ?Que ela possa agora no Natal enxergar as maravilhas que Deus deu pra gente?, disse Maria de Lourdes.
O filho de Maria de Lourdes está internado em uma clínica psiquiátrica e passa por tratamento.
Raridade
Oftalmologistas afirmaram que a doação de córneas entre vivos é rara. ?É a primeira vez que escuto falar de um caso assim. A doação entre vivos não é possível, pois não é permitida por lei. É diferente da doação de um rim, por exemplo?, disse o oftalmologista Noburo Yagui.
Segundo Yagui o reimplante do olho não é possível nesse caso porque o órgão perderia a funcionalidade. ?Não dá para reimplantar porque, quando você rompe o nervo óptico, não tem como religá-lo. E, uma vez rompido esse nervo, ele não tem como regenerar?, explicou o médico.