A Polícia Federal (PF) prendeu nesta terça-feira (28) uma gerente do Bradesco em mais uma etapa da Operação Lava Jato no RJ. Outro gerente do banco e um doleiro não foram encontrados.
Tânia Maria Aragão de Souza Fonseca foi presa em casa, na Península, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e levada para a Superintendência da PF, na Praça Mauá.
O Ministério Público Federal afirma que o esquema lavou R$ 989,6 milhões por meio do sistema bancário.
A força-tarefa investiga se os gerentes ajudaram a lavar dinheiro da quadrilha de doleiros exposta na Operação Câmbio, Desligo, há quase um ano.
Mandados de prisão
-Júlio Cesar Pinto de Andrade, doleiro, não encontrado;
-Robson Luiz Cunha Silva, gerente, não encontrado;
-Tânia Maria Aragão de Souza Fonseca, gerente, presa.
As prisões foram determinadas pelo juiz Marcelo Bretas, que também expediu mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos.
O que diz o Bradesco
Em nota, o Bradesco afirmou estar à disposição das autoridades.
“O Bradesco tomou conhecimento pela imprensa nesta manhã da ação de autoridades policiais envolvendo dois funcionários. As informações, quando oficialmente disponíveis, serão apuradas internamente", disse.
"Como sempre, o Bradesco se coloca à disposição das autoridades no sentido da plena colaboração e esclarecimento sobre as apurações que estão sendo realizadas."
"Por fim, o Bradesco reitera que cumpre rigorosamente com as normas de conduta ética e governança vigentes para a atividade", emendou.
Doleiros na mira há um ano
Deflagrada em junho de 2018, a Operação Câmbio, Desligo prendeu 30 pessoas em quatro estados.
Segundo a polícia, 3 mil empresas offshore em 52 países movimentaram US$ 1,6 bilhão (R$ 6,5 bilhões). As empresas ficam em paraísos fiscais e são usadas para ocultar o verdadeiro dono do patrimônio depositado em uma conta.
A ação tem como base a delação do doleiro Vinícius Vieira Barreto Claret, o Juca Bala, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony. Os dois trabalhavam para a organização criminosa chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral e foram presos pela Lava Jato no Uruguai e trazidos para o Brasil.
O Ministério Público Federal denunciou 62 pessoas, acusadas de formar uma organização criminosa, desde a década de 90, que promoveu evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
O ex-governador Sérgio Cabral e Dario Masser, apontado como o "doleiro dos doleiros", estão entre os denunciados.
Os suspeitos integravam um sistema chamado Bank Drop, no qual doleiros remetem recursos ao exterior através de uma ação conhecida como “dólar-cabo”.
Trata-se de um câmbio que envolve depósitos em contas em diferentes países, mas o dinheiro não é rastreável pelo Banco Central: doleiros recebem no Brasil e compensam em contas no exterior. Por não haver remessa, muito menos registro, o montante escapa das autoridades e dos impostos.
Os procuradores sustentam que a rede de doleiros operava lavando dinheiro para diversas organizações criminosas, inclusive a que o ex-governador foi condenado por liderar.