O Ministério Público Estadual e a Polícia Civil de Pernambuco estão investigando um esquema irregular de remoção de corpos envolvendo policiais e uma funerária. A fraude ocorreria em Garanhuns (PE), a 235 km de Recife.
Segundo a investigação, policiais civis receberiam propina para que a funerária Areias recolhesse os corpos de vítimas de assassinatos e acidentes antes da chegada das autoridades ao local. Assim, eles ?sequestravam? os corpos e cobravam valores exorbitantes às famílias pelo serviço prestado sem autorização.
As investigações apontam que os policiais cobrariam até R$ 1.000 para indicar o local onde estaria o corpo. O valor, por sua vez, era acrescido nas despesas funerárias pagas pelas famílias dos mortos.
Segundo o MP, para cobrir o valor da propina sem prejuízo, a funerária superfaturava os valores dos custos para traslado, caixão e sepultamento. O MP afirmou ainda que os valores dos serviços chegavam a custar o dobro do praticado pelo mercado.
?Toda vez que havia crime, a funerária seria acionada e recolheria o corpo, fazia todo o procedimento, independente de autorização da família. Segundo denúncias feitas aqui no MP, alguém estaria sendo beneficiado?, disse o promotor Itapoá Vasconcelos, ressaltando que as investigações iniciais apontaram que existiam policiais envolvidos no esquema.
?Remeti o inquérito à Polícia Civil e solicitei à Secretaria de Defesa Social que designe um delegado especial para investigar o caso, por conta da transferência do delegado regional [que foi para outro município dois dias após a instauração do inquérito]?, afirmou o promotor.
O esquema
Segundo as denúncias, a fraude começava com o recolhimento do corpo, que era levado para o Instituto Médico Legal de Caruaru (105 km de Garanhuns), pela Funerária e Velório Areias sem autorização da família. Garanhuns não possui IML e as necropsias são realizadas em Caruaru.
Segundo familiares de mortos, a funerária trasladava os corpos sem autorização e depois cobrava o dobro pela viagem. Como o serviço funerário já tinha sido iniciado pela funerária, os parentes ficavam sem alternativas e eram obrigados a pagar os valores superfaturados.
O MP informou que, além do superfaturamento no traslado, o preço do caixão e demais serviços funerários eram exorbitantes: o serviço custava cerca de R$ 3.000, enquanto outras casas funerárias cobravam pouco mais de R$ 1.000.