O presidente em exercício, Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira que, neste momento, o Estado brasileiro não está pensando em mudar a sua embaixada em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém. A declaração foi dada a jornalistas, após reunião com o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben.
O que o embaixador da Palestina veio tratar é obviamente a questão da embaixada — disse Mourão. — A resposta que eu dei foi uma resposta de Estado. O Estado brasileiro não está, por enquanto, pensando em nenhuma mudança de embaixada.
Ibrahim e uma comitiva de autoridades religiosas cristãs palestinas foram recebidos pelo presidente em exercício em seu gabinete, no anexo do Palácio da Planalto. Após a reunião, o embaixador admitiu que o assunto foi tratado durante o encontro mas disse que o tema estava "em discussão e que a discussão era muito longa". Apesar disso, Ibrahim reforçou sua expectativa de que a mudança não se concretize:
Foi falado esse assunto (mudança da embaixada), mas esperamos que não aconteça. Qualquer coisa sobre isso será estudado pelas altas autoridades brasileiras. Isso está em discussão e a discussão é muito longa — afirmou o embaixador na saída do encontro com o presidente em exercício.
Por diversas vezes, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, sinalizou que irá mudar a embaixada brasileira em Israel, em um gesto que reconhece Jerusalém como capital de Israel. Em visita ao Brasil em dezembro, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que Bolsonaro lhe disse que “a transferência não é uma questão de se, mas de quando”. A mesma frase foi usada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, em visita a Washington.
O reconhecimento de Jerusalém como capital israelense é muito polêmica e viola diversas resoluções das Nações Unida, que determinam que o destino da cidade deve ser decidido em negociações entre Israel e os palestinos. Somente Estados Unidos e Guatemala transferiram suas embaixadas, em 2018.
Questionado sobre falas do presidente Jair Bolsonaro favoráveis à mudança, Mourão disse que isso ocorreu "na campanha" e foi evasivo sobre o assunto.
Quem decide é o presidente, tem que ouvir as opiniões.
Mourão comentou também a presença de autoridades religiosas cristãs palestinas.
— Ele trouxe os representatens de religiões cristãs que estão lá. Tem quase 30 mil. A gente pensa que é todo mundo muçulmano, mas não.
Segundo Ibrahim, o encontro tratou também de "assuntos bilaterais" entre Brasil e Palestina. O embaixador se disse satisfeito e ressaltou que as boas relações continuariam, respeitando "a tradição brasileira ao longo dos últimos 70 anos":
Conversamos sobre assuntos bilaterais entre Brasil e Palestina e saímos muito satisfeitos. As boas relações continuarão entre a Palestina e o Brasil, respeitando o direito internacional, essa tradição brasileira ao longo dos últimos 70 anos — comemorou.
O embaixador afirmou ainda que convidou Jair Bolsonaro e Mourão para uma visita à Palestina e que o convite foi bem recebido. A embaixada também manifestou condolências ao Brasil pelo desastre de Brumadinho e desejou recuperação rápida ao presidente Bolsonaro, que passou por uma cirurgia nesta segunda-feira.