Despreparados e sem condições de bem-atender a parcela da população que utiliza o transporte coletivo, os motoristas de ônibus desorientam os passageiros e colocam a vida das pessoas em risco.
Entre reclamações de maus-tratos e falta de qualificação, o número de acidentes está cada vez mais comum e vem crescendo. Com a falta de resolução desses problemas, a má qualidade do serviço coletivo continua sendo tema de desafetos entre a população.
É o caso da gerente administrativa Kelly Carvalho do Nascimento, que sofreu acidente causado por ônibus enquanto se dirigia ao trabalho. Kelly estava parada no sinal de trânsito quando foi atingida por um ônibus em alta velocidade.
?Como a moto ficou embaixo do veículo e a porta dianteira amassou, ele simplesmente pulou a catraca, saiu correndo do ônibus, subiu em um mototáxi, evadindo-se do local. Ele fez isso porque pensou que eu estava morta?, conta a jovem de 24 anos.
Segundo Kelly, a empresa responsável pelo acidente nunca procurou a vítima para prestar ajuda. Ela sofreu perda total do veículo e está processando a empresa, mas a burocracia a impede de gozar do direito que é seu.
?Estou tentando o ressarcimento do veículo e das despesas médicas, mas até agora não vi a cor do dinheiro. É uma burocracia ineficaz que não leva em conta os dias que fiquei de cama em casa, as despesas que tive com transporte para me locomover a médicos e muito menos o constrangimento que sofri?, desabafa.
A dona de casa Benta Maria de Sousa também foi vítima de um acidente urbano. A idosa de 79 anos atravessava a rua quando foi atingida por um ônibus que, segundo ela, saiu em arrancada. Benta teve uma perna estraçalhada e sofreu múltiplas fraturas nos membros inferiores.
Precisou amputar uma perna e hoje anda em uma cadeira de rodas. A independência proporcionada pelo vigor e lucidez da idosa foi atrapalhada graças a uma fatalidade que envolve uma série de fatores, que vão do despreparo dos motoristas ao mal planejamento urbano das vias públicas.
?Sempre fui muito independente. Resolvia meus problemas, cuidava da casa sozinha, gostava de passear, e não perdia uma missa aos finais de semana.
Hoje vivo presa a uma cadeira de rodas, dependo dos outros para tudo e não posso ir à igreja porque é impossível trafegar por essas ruas em uma cadeira de rodas. Minha vida parou e na situação em que me encontro é melhor morrer logo?, lamenta-se, aos prantos.
A família de Benta entrou na Justiça para resolver o infortúnio, mas até agora nada foi feito. O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) informa que a família não foi receber o laudo pericial, mas na verdade o processo está parado porque o motorista responsável pelo acidente não compareceu à primeira audiência do caso, sendo necessário remarcar a audiência.
O SETUT avisa que cada denúncia é apurada e as empresas verificam os verdadeiros responsáveis pelos acidentes de trânsito. Para melhorar o serviço, o órgão oferece cursos de reciclagem e aperfeiçoamento dos colaboradores. Entre burocracias e morosidades, a família de Benta está desiludida com a pouca consideração da empresa de transporte público.