Laurindo Soares de Gouvea, de 101 anos, renovou a Carteira Nacional de Habilitação no dia 27 de julho. O aposentado, que mora em Curitiba, tirou a primeira habilitação em 1963, quando as condições financeiras o ajudaram a conseguir comprar o primeiro carro. Desde então, segundo o Departamento de Trânsito (Detran) do Paraná, ele nunca teve multas registradas. ?Está tudo certo comigo. Eu sou um motorista perfeitamente normal porque tenho certeza do que estou fazendo?, garante o idoso.
Laurindo disse que não pretende parar de dirigir tão cedo. ?Se eu puder, quero dirigir até os meus 150 anos. Eu estou pedindo a Deus que me de muitos anos ainda. Tenho saúde e condições física e mental para dirigir?, brinca.
Gôuvea, que tem cinco filhos, dez netos e seis bisnetos, diz que a família dá o maior apoio com a decisão de continuar dirigindo, mesmo com idade avançada. ?Todos me apoiam. Eles têm satisfação de estarem comigo. Me querem muito bem e todos me gostam muito?.
O idoso contou que sua paixão por dirigir começou por causa de sua esposa. ?Ela gostava muito de viajar. Então, eu levava ela para Clevelândia, União da Vitória, Caçador, em Santa Catarina, Joaçaba, onde minha sogra morava?. Após 18 anos da morte da mulher, Gôuvea explica que deixou de viajar para outras cidades. ?Depois que ela faleceu, não viajei mais?, complementa.
Além da carteira recém-trocada, ele também curte o carro novo que comprou em 2011, junto com uma das filhas, que mora com ele. "Eu tinha um Celta, mas o carro não andava tão bem. Agora, tenho um Focus, que anda que é uma beleza", comemora. Atualmente, ele dirige apenas nos fins de semana, feriados e dias de pouco movimento. Por morar em uma região muito movimentada de Curitiba, a família evita deixá-lo sair quando o tráfego está intenso.
Ele concorda com a recomendação dos filhos de não dirigir em locais movimentados, mas não tanto pela segurança. "Você fica naquele anda e para, só gasta gasolina. Não tem graça", afirma.
Quanto às estradas, ele comemora o fato de não ver tantos buracos nas ruas onde passa. "O bom é dirigir em um asfalto lisinho, sem problemas, onde dá para acelerar", conta. Em relação ao documento recém-emitido, ele só reclama de uma coisa. "Fiquei com cara de velho na foto".
"O bom é dirigir em um asfalto lisinho, sem problemas, onde dá para acelerar", diz Laurindo Soares de Gouvea, aposentado.
Vida pré-habilitação
Laurindo nasceu na pequena cidade de Clevelândia, mas passou boa parte da vida no município de União da Vitória. Da cidade natal, ele conta que era lembra que era um povoado pequeno. "Hoje, é uma cidade muito bonita", diz ele a respeito do município que tem cerca de 17 mil habitantes, atualmente.
Já em União da Vitória, aos 15 anos, ele ingressou na antiga Rede Viação Paraná-Santa Catarina, que anos mais tarde foi integrada à Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Ele começou como aprendiz na empresa e só saiu de lá 40 anos depois, quando foi aposentado. "Muitos não queriam que eu saísse, mas eu disse que tinha que dar lugar aos mais novos", lembra.
Depois de muitos anos na empresa, as condições financeiras da família só melhoraram em 1963. Naquela mesma época, ele comprou o primeiro carro da família. "Fui lá, tirei a carteira e nunca mais parei de dirigir", diz.
Apesar da idade, ele continua tendo uma vida normal. Assina cheques, vai à academia duas vezes por semana e ainda mantém o hábito de votar. "Voto em todas as eleições, nunca deixei de ir", revela.