As vidas dos 235 jovens que morreram na tragédia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, ?custaram? R$ 2,50. Em vez de comprar o sinalizador de R$ 70 ? apropriado para ambientes fechados ?, integrantes da banda Gurizada Fandangueira resolveram economizar para a apresentação na boate Kiss, no fim de semana. Optaram pelo artefato bem mais barato e que é adequado apenas para locais abertos. O número de mortos aumentou ontem, e 118 vítimas continuavam internadas até as 22h.
?Eles compraram sinalizador de pirotecnia mais barato, cientes de que era exclusivamente para ambientes abertos. Usaram o equipamento para ambiente aberto porque era mais barato?, disse o delegado de Santa Maria Marcelo Arigony, durante coletiva. Até o fim da noite de ontem, 44 pessoas tinham prestado depoimento.
Não está descartada a possibilidade de a Prefeitura e o Corpo de Bombeiros da cidade gaúcha serem responsabilizados pelo incêndio de domingo. Segundo Arigony, a boate não poderia estar funcionando.
Além de o Plano de Prevenção Contra Incêndio estar vencido há seis meses, extintores não funcionaram, não foram encontradas sinalizações indicando saídas e a espuma que forrava o teto ? onde teria começado fogo por faísca do sinalizador ? era inflamável e inadequada para o ambiente, segundo normas técnicas.
?A boate não tinha iluminação para crise. As pessoas podem ter corrido para o banheiro, ao ver a luz ligada lá, achando que era uma saída de emergência e acabaram morrendo asfixiadas lá dentro?, disse o delegado Marcelo Arigony.