Morte de menino indígena degolado expõe violência contra as tribos

“Ser índio no Brasil é ser vagabundo”, contou um familiar.

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A morte do menino de dois anos degolado com uma lâmina no pescoço no dia 30 de dezembro por um homem que em um primeiro momento fingiu fazer carinho em seu rosto enquanto era amamentado na rodoviária de Imbituba, em Santa Catarina, é analisada pela comunidade indígena como um abandono pela sociedade.

Em julho deste ano, os indígenas do oeste da cidade vão substituir a festa de aniversário do pequeno Vitor Pinto por um ritual de homenagem aos mortos, até lá a família espera a condenação do assassino do crime bárbaro.

“Ser índio no sul do Brasil é ser vagabundo, é contar com a tutela da Fundação Nacional do Índio (Funai), o caso só ganhou notoriedade quando começamos a nos mobilizar”, conta Leonel Piovezana, professor da Universidade Comunitária de Chapecó.

No dia do crime a família estava indo para o litoral na tentativa de vender seus artesanatos e aproveitar o movimento do verão que é repleto de turistas. “Nós somos trabalhadores, estamos fazendo o que sabemos, o que é a nossa cultura”, afirmou a avó de Vitor com lágrimas no rosto.

A família conta que o pai da criança, Arcelino, ficou sabendo da notícia pela TV. Quando chegou na rodoviária encontrou os brinquedos do filho no chão e a mãe da criança andando sozinha na chuva e em choque.

De acordo com o coordenador substituto da Funai em Chapecó, Clóvis Silva, todos os anos os índios saem após o período das aulas com as crianças para vender artesanato. O conselheiro da Aldeia Condá, Miguel Sales, disse que agora estão com medo de ir até a cidade. "Pelo que se vê hoje, estamos abandonados. Não podemos vender nossos produtos nem nos dão condições para isso. O Ministério Público sempre diz que vai ajudar por meio de parceria com a prefeitura, mas isso nunca sai do papel. Combinaram de a cada oito dias levar cinco a dez índios para a cidade em um carro oficial, mas ainda não colocaram em prática", disse ele. Para Sales, se a Justiça demarcasse logo as terras, não haveria tantas disputas e brigas.

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